De
janeiro a junho deste ano foram ofertadas 4.343 vagas de trabalho temporário
pelo Sistema Nacional de Emprego do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho no
Ceará (Sine/IDT-CE). O índice é 37,87% superior ante igual período do ano
passado. Apesar da melhora neste tipo de contratação, os postos de trabalho
efetivos recuaram 2% no primeiro semestre, na mesma base de comparação.
Na
manhã de ontem, a
reportagem percorreu as agências do Sine/IDT do Centro e
da Parangaba, em Fortaleza, e verificou poucas filas, mas insatisfação das
pessoas que buscam recolocação. "A gente faz entrevista, mandam esperar
ligação, mas não ligam", lamenta Henrique Melo, 40. Ele trabalhava de
carteira assinada em um lava jato e conta que, em 2014, foi dispensado junto
com mais três pessoas da equipe.
Mesmo
com a melhora dos indicadores econômicos no País, a exemplo da taxa básica de
juros, que chegou ao nível mais baixo da história com 6,75% ao ano em
fevereiro, o ritmo das contratações ainda é lento. O economista Alex Araújo
alerta sobre dois efeitos remanescentes da crise econômica - desemprego e
necessidade de tempo maior para retomada do emprego.
A
previsão, porém, é de retorno das contratações para o segundo semestre. O
resultado positivo vai depender das expectativas do empresariado e do movimento
gerado pelas datas comemorativas, que podem sinalizar como será a economia até
o fim do ano. O Dia dos Pais e o Dia das Crianças serão indicadores, aponta
Alex. "No Ceará, a economia depende muito do consumo. É um dado importante
para acompanhar". Se este cenário se mostrar favorável, o economista
estima a melhora no mercado de trabalho a partir de setembro.
Segundo
Rubens da Cunha Rodrigues, coordenador de Intermediação de Profissionais do
Sine/IDT no Ceará, o aumento do número de vagas temporárias no Estado não está
ligado a mudanças com a reforma trabalhista, mas a uma oferta maior de emprego
no primeiro semestre, com destaque para o setor de serviços.
Ele
acrescenta que das 31.111 vagas ofertadas pela entidade, de janeiro a junho de
2018, foram efetivadas 23.647 pessoas. Um dos melhores índices de efetividade
entres os Sine/IDTs do País, destaca o gestor. Para cada vaga disponibilizada,
Rubens explica que são encaminhados pelos menos três candidatos. Neste ano, a
instituição projeta chegar a 79 mil vagas captadas, acima das 61.067 ofertadas
ano passado.
O
quadro, no entanto, está aquém de suprir o número de demissões no Estado. De
janeiro a maio deste ano foram 155.634 desligamentos, de acordo com dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo de maio,
porém, foi positivo em 8.168 no Ceará. Já no Brasil, 13,2 milhões de pessoas
ainda estavam desocupadas no trimestre de março a maio de 2018, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma taxa de desocupação
de 12,7%.
"Tem
muito pai e mãe de família desempregado. Eu sou pai e mãe ao mesmo tempo",
diz Tahís Helena Aguiar, 46, que foi ao Sine da Parangaba ontem para cadastrar
currículo. Ela trabalhou como cuidadora de idosos até março deste ano e estava
apreensiva com as contas, pois mora de aluguel com o filho de 18 anos. "Do
jeito que estou precisando, aceito qualquer serviço".
Jackson
Guimarães, 28, também chegou cedo ao Sine do Centro. Às 5h30min aguardava a
agência abrir para buscar vagas de vigilante, função que exerceu até dezembro
de 2017. Desde então, tem deixado currículos nas instituições, além de estar
cadastrado no Sine/IDT. "Está difícil", desabafa. (O Povo)
Postar um comentário