Mulheres eleitoras somam, na Região Metropolitana do Cariri, um total de 54,05%. FOTO: Reprodução |
A
maioria do eleitorado é feminina em todos os nove municípios que compõem a
Região Metropolitana do Cariri. O cenário é semelhante em todas as regiões do
Brasil e tem proporção maior no Nordeste: 52,8% são mulheres. No Cariri, as
eleitoras também serão maioria nas eleições de outubro.
Elas
compreendem um contingente de 54,05% do total de pessoas que estão aptas a
votar e formam número 8,1% maior que o montante de homens que irão às urnas –
são quase 33 mil mulheres a mais. Ao todo, o eleitorado dos nove municípios que
compõem a Região Metropolitana do Cariri cresceu 6,12% desde as eleições
municipais de 2016. O crescimento é natural, na visão dos representantes de
cartórios eleitorais, dado a elevação populacional dos municípios – Juazeiro,
em especial.
Mas,
se as eleitoras serão maioria, as candidatas ainda integram uma pequena parcela
da classe política. Nas próximas eleições, apenas três mulheres com base no
Crajubar pleiteiam uma vaga como deputada estadual ou federal. “Eu não me sinto
representada. São poucos os lugares de assembleias e congressos que têm
mulheres negras, por exemplo”, afirma Maria Eliana de Lima, integrante do
Movimento de Mulheres do Crato.
Segundo
ela defende, a sociedade brasileira é formada por estruturas sociais, políticas
e econômicas que impedem a participação efetiva de mulheres em espaços de
poder. “Vivemos lutando para existir e resistir. Toda nossa luta é de
reconhecimento e de redução das desigualdades. Na nossa concepção, como o
machismo é estrutural, tem que mudar as instituições e o pensamento do estado
que ainda é um viés colonizador do ponto de vista que as mulheres vivem em
situação de desigualdade”, acrescenta.
Pensamento
semelhante tem o professor universitário e cientista político Roberto Siebra.
Ele enfatiza que vivermos em uma sociedade patriarcal, que relega a mulher ao
papel de segunda categoria. Segundo conta, as mulheres são constantemente
excluídas de processos de decisão. “É um histórico que temos que levar em
consideração. Só que as coisas mudaram. As mulheres têm exercido um papel
importante do ponto de vista de participação, principalmente econômica, porque
a mulher está no mercado de trabalho”, analisa.
Para
o cientista, a participação das mulheres no campo político tem potencial de
mudanças. Primeiro, por elas formarem um forte segmento que cada vez mais tem
buscado fazer parte das atividades cotidianas da sociedade. Roberto Siebra
alerta, no entanto, que a simples participação delas não garante qualidade nos
debates. “O fato de ser mulher não garante a posição efetiva das mulheres no
processo eleitoral”, afirma.
Uma
das saídas para ampliar a participação das mulheres no campo político, segundo
o movimento cratense, é justamente a atuação em instâncias para além das
disputas eleitorais. “Uma das coisas, também, é uma reforma política que mexa
nessa estrutura de cotas, que aumente as mulheres nesses espaços de poder, como
já acontece em sindicatos, cuja diretoria é metade de homens e metade de
mulheres”, conclui Maria Eliana. (Jornal do
Cariri)
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