Aos
14 anos, o estudante Túlio Amorim saiu do município de Madalena, no interior do
Ceará, para cursar o Ensino Médio na capital. A mudança foi proporcionada pelo
ingresso no Projeto Primeira Chance, programa de bolsas de estudo que recruta
jovens talentos de famílias de baixa renda para estudar em escolas
particulares. A chance resultou em uma virada de vida significativa para o
jovem, que, atualmente aos 19 anos, cursa o 6º semestre de medicina na
Universidade Federal do Ceará.
Criado
pela mãe, uma auxiliar de serviços gerais, o estudante de escola pública na
cidade de origem participava de olimpíadas e se destacava como aluno.
“Sempre
fui um bom aluno, desde pequeno participava das olimpíadas”, garante.
Por
causa do desempenho escolar, recebeu uma carta do Projeto Primeira Chance
recrutando para o processo seletivo. Foram duas etapas, com prova de português,
matemática e redação, e posterior entrevista com o candidato e seu responsável.
A
mãe de Amorim, que estudou até o ensino fundamental, mas não pôde concluí-lo,
trabalhava na escola onde o filho estudava, no interior, e foi sua principal
incentivadora para os estudos.
“Ela
trabalhava na escola e via nisso uma oportunidade pra eu ter uma vida melhor.
Ela incentivava, mas não forçava”, ele comenta.
A
figura de um professor de matemática apaixonado pelo ensino, que o orientava
para competir nas olimpíadas, também marcou a trajetória do rapaz. “Foi um
professor muito importante, ele tava fazendo mestrado e tava empolgado com o
ensino, sempre foi muito focado, gostava de preparar os estudantes pra essa
olimpíada. Se qualificou, terminou o mestrado e continuou na educação básica”,
relembra com alegria Amorim.
Como
todo início, a mudança de escola e de cidade teve suas dificuldades. “No começo
foi conturbado, a mudança de dinâmica de vida mesmo, e a escola que tinha nível
diferente, mas a gente tinha um mentor pra orientar cada bolsista. Na época
eles davam moradia pros estudantes que não tinham onde ficar em Fortaleza,
então fiquei num pensionato bancado pelo projeto por dois anos”, conta.
Concluído
o ensino médio, o jovem percebeu que o próximo caminho seria a medicina. “Vinha
pensando em engenharia, mas acabei fazendo medicina, vi na medicina
possibilidade maior de ajudar as pessoas.”
Atualmente,
o universitário mora em uma república estudantil da UFC e está na metade do
curso. “Se não tivesse conhecido o projeto teria sido bem mais difícil.
Dificilmente teria continuado em Madalena, mas não teria chegado tão longe. Eu
não pensava em fazer medicina, ele abriu as portas e hoje em dia tô muito
realizado”, analisa o universitário.
(G1 CE)
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