O setor calçadista de Juazeiro do Norte é o 3º maior
do País, com milhares de empregos.
FOTO: ANTONIO RODRIGUES
Juazeiro do Norte. Com aproximadamente 1.500 indústrias, em 25 municípios, a região do Cariri é responsável pela segunda maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, totalizando uma fatia de 8%. Desse número, 3% são alcançados apenas pelo município de Juazeiro do Norte. Os principais setores, na Terra do Padre Cícero, são calçados, máquinas de costura, têxtil, metalurgia e bebidas, segundo o Núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

No entanto, de R$ 3,5 bilhões do PIB de Juazeiro do Norte alcançados em 2015, 86% foi conquistado pelo setor de serviços, ficando a indústria com 13% e a agropecuária, apenas, 1%. Esta fração não é diferente do Cariri como um todo, onde a indústria tem 12% de participação na economia da região. Apesar desses resultados, as fábricas empregam 44% dos juazeirenses, número bem acima do restante da mesorregião: 21%. O destaque vai para o setor de joias e folheados, que apesar de ser o 9º empregador do Município, representa 91,7% de todos os trabalhadores do Ceará neste segmento.

Por outro lado, é impossível não destacar o setor calçadista de Juazeiro do Norte - o 3º maior do País, que até 2015, gerava cerca de 8 mil empregos formais. Espalhadas por vários bairros do Município, as indústrias locais se especializaram em um tipo específico de produtos: os chinelos. Por isso, a concorrência é grande. E as peças da região chegam ao País inteiro.

Histórico
O empresário Abelito Sampaio conta que esta produção de calçados começou na década de 1970, mas se intensificou a partir da década de 1990, quando uma grande fábrica nacional foi instalada na cidade de Crato. "Isso aqueceu mais ainda esse polo, que ganhou força", explica.

Sua fábrica, por exemplo, a JR Calçados e Componentes, nasceu em 2008, a princípio, produzindo etiquetas, palmilhas. Na época, eram apenas 20 funcionários, hoje, são 60, mas há dois anos chegou a 109. Lá, por dia, são feitos entre 3 a 4 mil peças, mas o número também foi maior: entre 7 a 10 mil pares. 95% disso vai para o mercado nacional e o restante para o Paraguai e Uruguai.

Segundo Sampaio, a crise econômica, desde 2014, fez muitas fábricas reduziram seus quadros. "O mercado consumidor caiu bastante. Não é só no nosso seguimento. As demissões foram inevitáveis. A grande maioria está com quadro pela metade do que tinha há quatro anos", diz. Por outro lado, ele se mantém otimista com a retomada econômica, principalmente, após as eleições, ainda que não seja imediata. "Não me desfiz de nenhum maquinário, estou subutilizando. Não vou me desfazer, tô com essa zona de conforto, para na hora que voltar, aumentar a produção".

Vantagens da região
Natural de Juazeiro do Norte, Abelito Sampaio acredita que a região oferece algumas vantagens como a proximidade de algumas rodovias federais e um aeroporto que funciona adequadamente. Por outro lado, ele enxerga que a indústria é recente na região, por isso, tem uma certa demora em alguns licenciamentos e também faltam locais adequados para instalação. "Tem muitas indústrias no centro e bairros residenciais. A cidade não teve plano diretor para migrar as indústrias para uma área com acesso melhor", diz.

Para o empresário, o desafio das indústrias de calçados locais é criar uma marca própria e diminuir a cultura de fazer modelos similares às grandes empresas. Mesmo assim, ele vê um diferencial: o preço. Sampaio diz que foi possível criar produtos competitivos por um preço menor e com alta produção. "A criatividade do cearense e aqui da região tem surtido efeito", garante.             (Diário do Nordeste)

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