O Castanhão, maior açude do Estado, está com 6,99% para o Vale do Jaguaribe e RMF. FOTO: Thiago Gadelha |
No
fim da quadra chuvosa (fevereiro a maio) o nível médio dos reservatórios era de
17,2%. Em comparação com igual período de 2017, houve uma pequena melhora, pois
em 31 de maio daquele ano, as reservas acumulavam 12,6%.
Das
12 bacias hidrográficas que integram o Ceará a situação mais crítica é a do Médio
Jaguaribe (6,93%), Alto Jaguaribe (8,83%), Banabuiú (9,03%) e Sertões de
Crateús (9,27%). A maior reserva está na Litorânea que acumula (75,04%).
Preocupação
A
preocupação mais uma vez é com o Açude Castanhão, que é o maior do Estado, e
tem reserva de água em torno de 6,99% para atender à demanda de parte do Médio,
todo o Baixo Jaguaribe e suporte para a Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF). No fim da quadra chuvosa deste ano, o Castanhão acumulava 8,44%. Em
igual período de 2017, o nível era de 5,7%. No início deste ano estava com
5,06%. O nível mais baixo foi registrado em 22 de fevereiro, com 2,08%.
No
entanto, os dados mostram que a RMF estava, em 31 de maio de 2017, em torno de
33,6% e, neste ano, em igual período, registrou 33,4%, uma pequena redução.
Entretanto, o baixo nível dos reservatórios Castanhão e Orós impedem a
transferência de grandes volumes para a Capital.
Há
dificuldades para atender à demanda em municípios da Bacia do Médio e do Baixo
Jaguaribe. Cidades como Russas, Quixeré, Palhano e Jaguaruna dependem de água
de poços rasos, perfurados em áreas de aluviões. "O Castanhão tem mais
água do que em 2017, mas é um sufoco para atender à demanda de várias
cidades", observou o regional do escritório da Cogerh, em Limoeiro do Norte,
Francisco de Almeida Chaves.
O
segundo maior reservatório do Ceará, o Orós tem apenas 8,3% de sua capacidade.
No fim da quadra chuvosa deste ano estava com 10,4% e em igual período de 2017
acumulava 9,5%. O açude tem o papel de abastecer diversas comunidades na região
do Médio Jaguaribe, dentre elas, Nova Floresta, Feiticeiro e Mapuá, em
Jaguaribe; e Jaguaribara. "Após retificação do leito do riacho Feiticeiro
e instalação de uma adutora para aquela comunidade, será preciso liberar água
do Orós para atender à demanda de moradores daquela região", frisou
Almeida Chaves. "Não há uma data definida, mas é preciso que seja
logo".
As
cidades de Mombaça, Pereiro e Boa Viagem são as que continuam em situação mais
crítica porque os açudes que abasteciam aqueles centros urbanos continuam secos
- Serafim Dias, Adauto Bezerra e Vieirão, respectivamente. Além da distribuição
de água por carros-pipa, houve perfuração de poços profundos, na tentativa de
ampliar a oferta de água para os moradores.
Iguatu
é o maior centro urbano do Centro-Sul do Ceará, com população estimada, em
2017, de 102.614 pessoas, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A cidade e parte da área rural, além de Acopiara, são abastecidos pelo
Açude Trussu, que vem perdendo reserva desde 2012. Atualmente acumula 6,0%,
mas, no fim da quadra chuvosa deste ano, estava com 7,2% e na mesma data em
2017, acumulava 12,1%.
Qualidade
A
qualidade da água do Trussu está ficando cada vez pior e o temor é que, a
partir de novembro, não tenha mais condições de captação para atender à demanda
de Iguatu e Acopiara. Técnicos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) já
realizaram limpeza de poços antigos e perfuraram novos no leito do Rio
Jaguaribe como alternativa de oferta de água e a Prefeitura tenta obter recursos
com o governo do Estado para evitar problemas no abastecimento a partir de
dezembro. A situação de Iguatu foi considerada confortável até o início deste
ano, mas, após oito anos seguidos de perda de reserva, o Trussu dá sinais de
esgotamento e a cidade enfrenta a expectativa de crise.
O
chefe local do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Cléber
Cavalcante, disse que, dentre os açudes do Órgão no Ceará, o Trussu é o que
está em situação mais calamitosa. Segundo o gerente regional da Cogerh,
Anatarino Torres, a situação do Trussu é realmente preocupante. "Desde
2012 que o açude Trussu vem perdendo água, obtendo recargas reduzidas, que se
agravaram nos últimos dois anos. O reservatório depende de chuvas no Município
de Acopiara, e em parte de Jucás e Saboeiro, pois Iguatu pouco contribuiu com a
sua bacia", explica.
O
reservatório, no fim deste ano, deverá chegar a aproximadamente 3%, conforme
projeção do escritório regional Cogerh. A projeção para fevereiro de 2019 é de
2,7%. A demanda somente para Iguatu é de 750m³/h. "Hoje, nós somos reféns
da próxima quadra chuvosa", frisou Anatarino Torres.
O
terceiro maior reservatório do Ceará, o Banabuiú, chegou, em março passado a
0,4%, um nível crítico, que perdurou ao longo de 2017, mas, em abril deste ano,
houve recarga e o reservatório terminou a quadra chuvosa com 7%. Um alívio para
o quadro de baixo volume. (Diário do
Nordeste)
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