Na
chegada a Praça do Ferreira, em horário de almoço, é possível ver algumas
poucas pessoas entregando panfletos nas portas dos estabelecimentos que a
circundam. Alguns dos transeuntes pegam os papeis apressados, outros passam
direto pelos militantes. O desinteresse reflete-se na fala de alguns
entrevistados pela reportagem, que parecem ainda estar se
familiarizando com a campanha.
"A
campanha mesmo em si está bem devagar não é? A gente quase não vê muita coisa
aqui na cidade. Começaram muito tarde, porque nós já estamos nas vésperas das
eleições", afirmou a bibliotecária Celina Lúcia Camurça, 55.
O
aposentado Assis Martins, 75, disse que o entusiasmo ficou para trás. "Não
sei se é porque a gente vai ficando velho, já viu eleições melhores. Não só
pelo nível dos candidatos, mas pelas coisas como estão hoje em dia",
resumiu.
Quando
indagados se já tinham candidato para deputado estadual, a resposta era quase
sempre a mesma: ainda não. Mas, por quê? "Os votos para deputado são
sempre decididos nos momentos finais da campanha. O voto para presidente
costuma ser o primeiro, vindo os outros às vésperas da eleição", explica o
professor de teoria política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel
de Freitas.
Com
a disputa pela Presidência da República mais acirrada e com algumas
reviravoltas mudando o quadro político a cada semana, além dos eleitores mais
polarizados entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais, a
campanha por uma vaga na Assembleia Legislativa tem passado despercebida pelos
eleitores.
"Eu
percebo o eleitor muito mais preocupado com a (eleição) majoritária do que com
a proporcional. Eu tenho feito uma construção para que eles compreendam que a
eleição proporcional, mesmo nós estando num país presidencialista, é tão
importante quanto as majoritárias", acredita o deputado estadual Moisés
Braz (PT), candidato à reeleição .
Deputado
estadual pelo Psol, Renato Roseno não acredita que o eleitor esteja prestando
mais atenção na disputa pelo cargo. "Eu esperaria que sim, mas ainda é a
campanha presidencial que mobiliza os ânimos dos brasileiros", declara.
Para ele, o desânimo também é uma prova do desgaste do modelo de democracia
vigente no país. "A democracia representativa tem sido questionada em todo
mundo e, obviamente, a demanda da sociedade é de maior participação popular,
maior controle sobre o estado", aponta.
Candidatos
a deputado que não estão exercendo mandato político na Assembleia discordam do
efeito negativo da polarização. Integrante do partido do presidenciável Jair
Bolsonaro (PSL), Delegado Cavalcante (PSL) acredita que a ideologia tem
contribuído para colocar as candidaturas da coligação à qual pertence em
evidência. "Em todos os municípios do estado foram criadas as frentes de
direita, elas estão polarizando muito para votarem nos candidatos do PSL. Está
sendo uma organização natural, diferente da política que se pratica no
Brasil", assegura. (O Povo)
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