A menos de 15 dias para o primeiro turno da disputa presidencial, em 7 de outubro, o cenário ainda incerto aponta, segundo a mais recente pesquisa Ibope de intenções de votos para o cargo máximo do País, que o eleitorado feminino tem potencial para decidir a eleição. Historicamente, as mulheres são as mais indecisas e sofrem influência do voto masculino. De acordo com o Ibope, 23% das eleitoras tendem a votar branco, nulo ou ainda não decidiram quem em votar, contra 13% do público masculino na mesma situação.

De acordo com a cientista política Carla Michele Quaresma, professora do Centro Universitário Estácio do Ceará, historicamente, parte do eleitorado brasileiro é volátil, ou seja, tende a mudar de voto ao longo do pleito e até no dia da eleição. Essa característica, segundo ela, daria às indecisas ainda mais poder no dia 7 de outubro.

As mulheres representam a maioria do eleitorado brasileiro, de acordo com dados do Cadastro Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dos mais de 147,3 milhões de eleitores aptos a votar em outubro próximo, 77,3 milhões são mulheres, o que representa 52,5% do total. Esse cenário, aponta Carla Michele, coloca sobre as mulheres o peso de ser o "fiel da balança" na hora de definir o pleito.

"Construímos no Brasil, isso é histórico, a visão de que a política é um espaço que deve ser ocupado, sobretudo, por homens, e isso se expressa na representação política", analisa. "Ainda há uma dificuldade muito grande de construir, na representação política, um espaço que seja voltado para a discussão de pautas, de temas que são muito próprios do universo feminino", diz.

Além disso, a cientista política avalia que as mulheres costumam "protelar" por mais tempo a tomada de decisão no pleito. "De modo geral, temos no Brasil uma chamada lei da procrastinação. As pessoas costumam adiar ao máximo possível a escolha", observa.

De acordo com Carla Michele Quaresma, desde o início da corrida eleitoral, muitos presidenciáveis vêm tentando se aproximar do público feminino, encampando bandeiras voltadas às mulheres que ganharam destaque na campanha, como a construção e ampliação de creches e busca por igualdade salarial. No entanto, aponta a professora, muitas eleitoras, culturalmente, dão mais atenção à opinião masculina, vinda de figuras relevantes dentro dos seus contextos, do que a programas de governo.      (Diário do Nordeste)

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