Você
é maluco? Essa foi a pergunta que mais escutei antes de iniciar um dos maiores
desafios da minha vida. Foram 1.830km, em 13 dias, movidos à força,
determinação e muita fé! De Brasília a Juazeiro do Norte (CE) de bicicleta.
Para ser mais exato, se somadas, foram 99 horas pedalando. Sim, foi uma
promessa em prol da saúde do meu amado tio Erinaldo que, felizmente, está
recuperado dos 30 dias que passou na UTI. Em agradecimento, decidi sair da
minha zona de conforto e tracei essa meta, a qual batizei de “Caminho da fé”.
Em
28 de julho iniciei minha saga. Com um terço pendurado no pescoço, fones no
ouvido e carregando apenas o necessário, antes mesmo de o sol nascer, peguei a
estrada. Dali pra frente foi só eu e a “magrela”. Os primeiros dias foram tranquilos.
Estava muito bem preparado fisicamente e psicologicamente. Em três dias de
pedal, cruzei a divisa do estado de Goiás com a Bahia e, no quarto dia, havia
pedalado 600km.
No
sexto dia, cheguei em Monte Alegre do Piauí (PI). Até lá foram 924km, a metade
do caminho. O corpo estava cansado, mas não desanimei. Pelas estradas, as
paisagens, as plantações, os mandacarus, os xique-xiques e a vegetação rasteira
iam sendo registrados pela câmera do celular. Cada igrejinha que passava era
parada obrigatória. Entrava rapidamente, fazia uma oração e continuava. Era
minha injeção de fé!
Nem
sempre acordar com disposição foi fácil. Mas parar não fazia parte dos meus
planos. Entre um dia e outro de pedal, alguns imprevistos cruzaram meu caminho.
Pedalei trechos longos em pé por conta de assaduras, fui picado por abelhas que
deixaram meu rosto desfigurado, o câmbio da bicicleta deu problema, sem contar
os seis pneus que precisei remendar. Também pedalei por um trecho no Piauí
conhecido como “estrada da morte”, mas nada me desmotivou.
Superação
Continuei
cruzando o sertão e, em 10 de agosto, às 4h30 da manhã, coloquei a bicicleta no
asfalto para encarar o último dia de pedal. De Marcolândia (PI) ao Juazeiro do
Norte (CE), faltavam 175km e eu só queria chegar. Não pelo fato de saber que o
descanso viria como recompensa, mas pela satisfação de cumprir minha promessa
com louvor. Por volta das 16h30, cheguei! Diante da estátua de Padre Cícero,
fechei meus olhos e um filme passou pela minha cabeça. Superação, determinação,
fé, gratidão e muitos outros “ãos” se misturaram. Que sensação maravilhosa!
É
importante dizer que essa vitória não é só minha! Eu apenas emprestei minhas
pernas e minha fé. Essa conquista é da minha família, dos meus amigos e de
todas as pessoas encontradas ao longo dessa trajetória. Meu Padim Padre Cícero,
meu tio amado, eu consegui!
Rota
de agosto
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Dia 1 – Brasília (DF)/Vila Boa (GO)
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Dia 2 – Vila Boa (GO)/Posto Rosário (BA)
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Dia 3 – Posto Rosário (BA)/Roda Velha (BA)
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Dia 4 – Roda Velha (BA) Barreiras (BA)
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Dia 5 – Barreiras (BA)/Posto da divisa Bahia com Piauí
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Dia 6 – Posto da divisa Bahia com Piauí)/Monte Alegre do Piauí
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Dia 7 – Monte Alegre do Piauí (PI)/Bom Jesus do Piauí (PI)
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Dia 8 – Bom Jesus do Piauí (PI)/Colônia da Gurguéia (PI)
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Dia 9 – Colônia da Gurguéia (PI)/Canto do Buriti (PI)
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Dia 10 – Canto do Buriti (PI)/Simplício Mendes (PI)
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Dia 11 – Simplício Mendes (PI)/Jacobina (PI)
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Dia 12 – Jacobina (PI)/Marcolândia (PI)
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Dia 13 – Marcolândia (PI)/Juazeiro do Norte (CE) (Jornal Correio Braziliense)
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