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de 200 vaqueiros participaram da romaria. FOTO: Antonio Rodrigues
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Crato. Com o tema “Camponeses
em defesa da vida e dos direitos”, foi realizada, na manhã deste
domingo (23), a 19ª Romaria da Santa Cruz do Deserto, que reuniu mais de 3 mil
pessoas na comunidade histórica do Caldeirão, localizada a 33 km da sede do
Município. Mesmo sob sol forte, os fiéis e vaqueiros acompanharam a celebração
que acontece, anualmente, em setembro – mês da Santa Cruz.
A
Romaria do Caldeirão da Santa Cruz, criada no ano 2000, surgiu para celebrar a
passagem do milênio. Através de uma comissão criada pela Pastoral da Terra
junto com as comunidades eclesiais de base, o evento foi pensado para resgatar
a história da comunidade “que, de certa forma, foi abafada”, conta o padre
Vileci Vidal. Hoje, muitos moradores de comunidades do entorno e, até
mesmo, de cidades vizinhas, como Juazeiro do Norte e Caririaçu, peregrinam até
lá.
Segundo
Vileci, o tema da romaria tem ligação com o lema da campanha da fraternidade:
“Fraternidade e superação da violência”, definida pela Conferência Nacional dos
Bispos (CNBB). “A gente tem percebido que em 2016 aumentou o conflito no campo
em 15%. É necessário que traga essa reflexão para discutir na romaria,
construir uma cultura, que vai se estabelece na convivência com o Semiárido,
sem agressão ao Meio Ambiente, com agreocologia, resgatar a organização que
existia no passado”, acredita o sacerdote.
Tombamento
Por
esta valorização histórica, desde a década de 1980 se discute o tombamento do
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). A nível estadual isso foi conquistado. No entanto,
o órgão vinculado ao Ministério da Cultura optou pelo não reconhecimento em
âmbito federal.
“A
Secult está reunindo documento para reabrir esse processo. Já visitei duas
vezes o IPHAN e tive a orientação para isso”, antecipa o secretário de Cultura
de Crato, Wilton Dedê. Por outro lado, desde o início do ano passado, o local
tem sido estudado para se tornar uma Unidade de Conservação e, em seguida, um
geossítio administrado pelo Geopark Araripe.
O Caldeirão
Localizada
a 33 km da sede do Município de Crato, o Caldeirão da
Santa Cruz do Deserto fica entre os distritos de Monte Alverne e Dom Quintino.
Lá, foi abrigo de centenas de flagelados da seca, devotos do Padre Cícero, que
encontraram na comunidade alimentação, trabalho e refúgio espiritual. Sob a
liderança do beato José Lourenço, cerca de 1.700 pessoas moraram ali, dividindo
tarefas, fabricando instrumentos de trabalho, roupas e produzindo alimento.
Temendo
que a comunidade se tornasse um movimento messiânico, o Governo Federal, em
1937, ordenou que as Forças Armadas e a Polícia Militar do Ceará invadissem o
local. Alguns moradores do Caldeirão das Santa
Cruz foram mortos e os sobreviventes foram expulsos de suas terras. O beato
José Lourenço e seus seguidores fugiram. Até hoje, muitos corpos não foram
encontrados e não há nenhum registro oficial do número exato de vítimas. (Blog Diário Cariri)
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