(FOTO: JOSÉ LEOMAR) |
A
alta de 2,6% também foi uma revisão em relação ao crescimento de 3,5% projetado
no início do ano. O avanço de 1,6% esperado pelo Ipece está um pouco acima da
expectativa de 1,44% para o PIB do Brasil divulgada na segunda-feira (3) no
Boletim Focus, publicação semanal do Banco Central. A revisão do PIB no Ceará
reflete o leve crescimento de 0,17% no segundo trimestre deste ano ante igual
período de 2017 e queda de 0,28% na comparação com o trimestre imediatamente
anterior, números bem aquém do esperado pelos especialistas do Instituto. No
acumulado do semestre ante os primeiros seis meses de 2017, a atividade
econômica do Estado acumula alta de 0,83%.
Já
no acumulado dos últimos quatro trimestres (dois primeiros trimestres de 2018 e
dois últimos de 2017) na comparação com os quatro trimestres imediatamente
anteriores, o Ceará cresceu 2,18%, de acordo com o Ipece, com forte influência
dos melhores resultados dos últimos dois trimestres do ano passado.
O
analista de Políticas Públicas do Ipece, Nicolino Trompieri, frisa que o
crescimento no segundo trimestre de 2018 ficou um pouco inferior ao observado
no primeiro trimestre. "A principal razão desse impacto negativo é
realmente a greve dos caminhoneiros, que afetou principalmente a nossa
indústria", explica o especialista.
Os
números, entretanto, poderiam ter sido ainda piores caso o setor de serviços,
que tem participação de quase 76% na composição do PIB do Estado, não tivesse
apresentado crescimento de 1,69% no segundo trimestre deste ano ante igual
período de 2017. O setor foi impulsionado, sobretudo, pela evolução do
comércio, com incremento de 7,05% nessa mesma base de comparação.
Para
o analista do Ipece Alexsandre Cavalcante, o salto se deve a uma recuperação
significativa das vendas. "Nós sabemos que o endividamento das famílias
segue em patamares elevados e que ainda há uma incerteza por conta do cenário
econômico e político, mas o emprego nesse setor mostra recuperação. Em julho, o
Ceará apresentou a 5ª maior geração de emprego do País e foi o melhor do Norte
e Nordeste", detalha. "Em 2018, a gente sentiu uma recuperação mais
firme dentro das vendas, e a gente teve crescimento tanto no primeiro trimestre
como no segundo, o que ajudou bastante no resultado do setor de serviços",
reforça.
Indústria
Enquanto
o setor de serviços se destaca no resultado do segundo trimestre, a indústria
amargou queda de 1,97% na atividade no período ante o segundo trimestre de
2017. Para o analista de Políticas Públicas do Instituto, Witalo de Lima Paiva,
não se esperava que a greve dos caminhoneiros, encerrada nos últimos dias de
maio, contaminasse, entretanto, a primeira metade de junho. "A indústria
de transformação é o principal segmento da indústria cearense e, além do
impacto da greve dos caminhoneiros, sofreu muito com o efeito da base de
comparação mais alta", diz. A atividade apresentou queda de 3,87%.
Paiva
acrescenta ainda que contribuíram para a queda da atividade na indústria de
transformação no Estado, na comparação com o segundo trimestre de 2017, as
retrações de 12,5% em confecção e vestuário; de 6% no segmento de calçados e
couro e de 3,6% no de bebidas. "A greve, mesmo acabando em maio, acabou
rebatendo em junho e isso a gente consegue ver com muita clareza",
reforça.
Outro
segmento dentro da indústria que apresentou queda na atividade no segundo
trimestre deste ano, a construção civil, cuja atividade retraiu 3,92%, segue
atravessando um período de correção, na avaliação de Witalo de Lima Paiva.
"Foi uma atividade que passou por um crescimento bem intenso entre 2010 e
2014, então quando há esse 'boom' no segmento, ele tende a voltar para o seu
equilíbrio. Embora a gente tenha visto o nível de empregos na construção civil
apresentar uma melhora, essas contratações ainda não colocaram o estoque de
empregados no nível de 2017", explica.
Agropecuária
Setor
que obteve grande destaque ao apresentar elevações expressivas em 2017 e no
primeiro trimestre de 2018, a Agropecuária, com queda de 11,20%, é um dos
setores que mais sofre com o efeito base. "Nós temos, em 2018, um cenário
climático muito parecido com o de 2017, mas como em 2016 a base era muito
baixa, tivemos um crescimento bem expressivo", detalha a assessora técnica
do Ipece, Ana Cristina Lima Maia, destacando o bom desempenho da safra de
produtos como o milho, o feijão, o melão e, na pecuária, de ovos e produção de
leite. (Diário do Nordeste)
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