A festa religiosa enche as ruas de Juazeiro do Norte de alegria. FOTO: Reginaldo Zurlo |
O
dia começa cedo para os romeiros que, às 8h, iniciaram a decoração dos seus
transportes. Muitos deles fazem questão de destacar a cidade ou Estado que
representam em faixas e bandeiras. Do Estacionamento dos Romeiros, os veículos
partem para a Avenida Leão Sampaio, onde se concentram. Às 14h começa a
procissão, passando pelo 2º Batalhão da Polícia Militar, onde são abençoados e
julgados. De lá, seguem até a Basílica de Nossa Senhora das Dores. Os melhores
ornamentados são premiados com um troféu. O resultado será divulgado neste
sábado.
No
trajeto, milhares de juazeirenses saúdam os romeiros que passam. Em troca, os
visitantes arremessam de seus veículos balas, pirulitos, pipocas e outras
guloseimas para a população. É uma festa! Mesmo debaixo de sol forte, os
participantes, sobretudo as crianças, disputam os doces nas ruas de Juazeiro do
Norte. A tradição surgiu no dia 14 de setembro de 1974 e permanece anualmente
na véspera do dia da padroeira.
Segundo
o padre Cícero José da Silva, pároco da Basílica de Nossa das Dores, a
procissão começou com os caminhões, que era o meio de transporte mais popular
entre os romeiros. "Hoje, é caracterizada como a procissão dos meios de
transportes, porque tem ônibus, caminhões, carros de passeio", explica.
Além do caráter festivo de carinho e agradecimento por estarem em Juazeiro do
Norte, o sacerdote acredita que cria um "intercâmbio" e um
"entrosamento" entre os visitantes e os juazeirenses.
Por
outro lado, padre Cícero José adverte os romeiros para terem atenção quanto à
segurança dos pedestres que, em alguns momentos, travam batalhas pelos doces
entregues. "Sempre pedimos que essa alegria de quando jogam os bombons
para as crianças, jovens e adultos, seja sempre feita em segurança, para não
colocar a vida de ninguém em risco", pede. Contudo, ainda é difícil
explicar como surgiu essa tradição. "Acredito que isso é um jeito alegre
de manifestar o amor a Nossa Senhora, Mãe de Deus", palpita o pároco.
O
motorista José Ivânio dos Santos conta orgulhoso com mais de 200 viagens para
Juazeiro do Norte. Por ano, são seis. De Surubim (PE), até o Cariri cearense
são quase 600Km, que não impedem o entusiasmo de participar de mais uma romaria
e estar de pé, cedinho, decorando seu ônibus. "É a fé, os milagres que a
gente consegue. É muito prazeroso vir para cá. Quando acaba a romaria, é muito
triste", confessa.
A
dona-de-casa Graça Maia, romeira de Palmeira dos Índios (AL), retornou à Terra
do Padre Cícero depois de 30 anos que visitou e ficou encantada com a procissão
dos transportes que conheceu quando ainda era criança. "Eu tô tão
empolgada. Não sei se mais alegre são eles ou eu. A felicidade é imensa. Para
mim é uma glória", resumiu. Seu conterrâneo, o aposentado Paulo Marques,
fez questão de levar um saco grande para distribuir balas para a molecada.
"Não gastei nada. Nas primeiras vezes comprei. Depois, os colegas, todo
ano, vão se aproximando e dão dinheiro ou bala", explica.
Para
Paulo, a vinda à Juazeiro do Norte simboliza muitas coisas, mas, a principal
delas, é sua gratidão ao Padre Cícero que, segundo ele, o curou de um câncer na
próstata. "Sou muito feliz aqui. Só deixo a romaria quando eu
morrer", enfatiza. Já a agricultora Maria de Fátima Gomes, de Surubim
(PE), visita a cidade há 35 e já projeta muito mais pela frente. "É muita
festa, alegria, religião. É só bênção", sintetiza.
Programação
Missa na
Basílica -
5h, 7h, 9h e 15h
Missa na
Capela do Socorro - 7h
Despedida
dos Romeiros (bênção do chapéu)
Local:
Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores - 12h
Procissão
Solene
Local:
Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores - 17h
Encerramento
com a Bênção do Santíssimo - 18h30
Show
Pirotécnico - 19h (Diário do Nordeste)
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