Os fenômenos naturais podem não ser favoráveis para uma boa quadra chuvosa em 2019. Ainda é cedo para definir uma previsão, mas um dos principais fenômenos que influenciam nas precipitações no Estado, o El Niño, segue presente nos monitores da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Segundo o presidente do órgão estadual, Eduardo Sávio, o cenário se assemelha ao presenciado no ano de 2015. Apesar da afirmação, o gestor aponta que só em janeiro do próximo ano haverá uma confirmação sobre o cenário do Ceará.

"Continua essa tendência de aquecimento. É muito cedo para avaliar como essa condição deve estar até o fim do ano. Observamos com preocupação por conta da nossa situação. A quadra (chuvosa) ficou em torno da média, mas o ano, tudo indica, deve ficar abaixo. Temos preocupação em como essa situação estará até o fim do ano e como isso pode impactar na próxima quadra chuvosa", avalia Sávio.

Ainda segundo o presidente da Funceme, um dos principais vetores do fenômeno, o Oceano Pacifico, está fracamente aquecido. "A Bacia do Pacífico Equatorial está dentro da normalidade, mas a tendência é de aquecimento. Tivemos cenários parecidos em anos anteriores, como em 2015. Não quer dizer que vai ser igual, se formos olhar a dinâmica dos oceanos e como a atmosfera responde. Nessa condição do El Niño fraco, ela tem uma variabilidade grande em termos de chuvas no Estado. O El Niño fraco não tem resposta definitiva no Norte e Nordeste porque é preciso ainda de uma previsão do Oceano Atlântico, mas só em janeiro saberemos disso".

Com o intuito de se preparar para qualquer cenário de crise hídrica foi montado um Comitê de Contingência do Governo. "As reuniões se dão de forma semanal. Todo a sinalização de recursos hídricos para o próximo ano ela é feita de forma conjunta. São rodadas simulações de reservatório e que medidas em forma de campanha podem ser elaboradas. A grande verdade é que precisamos ter cautela", conclui Eduardo Sávio.


Cenário
No prognóstico climático para o trimestre fevereiro, março e abril de 2015, a Funceme apontava condição de El Niño de fraca intensidade. O padrão de ventos em baixos níveis observado em dezembro de 2014 era compatível com o fenômeno.

Os resultados dos modelos de previsão indicavam probabilidade em torno de 50% de persistência do fenômeno no trimestre fevereiro a abril de 2015. Na ocasião, também foi diagnosticado no documento, o aumento da probabilidade de condições neutras no Pacífico. No Oceano Atlântico tropical, as águas estiveram entre neutras a ligeiramente mais aquecidas do que a média na bacia Norte, e entre neutras e mais frias do que a média na bacia.

Conforme a Funceme, essas condições termodinâmicas nos oceanos Pacífico e Atlântico não favoreciam a ocorrência de chuvas no Estado acima da média histórica no início da estação chuvosa, particularmente, àquelas associadas à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) naquele ano.

Na avaliação do professor Marcelo Soares, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Marinhas Tropicais da Universidade Federal do Ceará (UFC), com o cenário se moldando para poucas chuvas, a solução é a reutilização de água. "Existem algumas ações do Estado, mas é muito pouco. É preciso ir além das indústrias. As residências também fazer. Na Austrália, por exemplo, é uma política pública nacional", salienta o professor Marcelo Soares.     (Diário do Nordeste)

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