A
qualidade de vida de uma parcela dos cearenses vem caindo nos últimos três
anos, ampliando os desafios de quem vive com R$ 85 por mês, situação considerada
de pobreza extrema. Em 2014, somente 5,6% da população do Estado estava abaixo
da linha da pobreza extrema, percentual que passou para 7,8% no ano passado, um
crescimento de 2,2 pontos percentuais, segundo levantamento da consultoria
Tendências.
Na
opinião do economista Alex Araújo, o avanço do problema foi impulsionado pelo
aumento do desemprego gerado pela crise econômica. "Muita gente perdeu o
emprego neste período, de modo a reduzir a renda e a qualidade de vida. São
duas coisas com relação estreita", explica.
A
tendência do crescimento da pobreza extrema é seguida por quase todos os
estados do Nordeste, com exceção da Paraíba, que diminuiu a parcela de famílias
nessa situação de 6,4% em 2014 para 5,7% em 2017. O Maranhão ocupa o primeiro
lugar do ranking dos estados, onde a pobreza extrema alcança 12,2% da
população. O Ceará é o 6º colocado do Nordeste e 8º do Brasil.
Ainda
de acordo com o economista Alex Araújo, os mais afetados não foram aqueles em
pobreza extrema, mas sim aqueles abaixo da linha da pobreza. "Quem
conseguiu estudar, garantir uma trabalho melhor e aumentar a qualidade de vida
antes da crise foram os mais prejudicados", afirma. O economista ressalta
que essa parcela está compreendida principalmente nas classes econômicas C, D e
E.
Vale
ressaltar que outros estudos vêm indicando redução da pobreza no Estado, mas
com parâmetros diferentes. Pesquisa da FGV, por exemplo, mostrou recentemente
que a proporção de pessoas vivendo com rendimentos abaixo de R$ 233 por mês
caiu 3,9% no ano passado.
Diferença
De
acordo com Araújo, há uma diferença fundamental entre a linha da pobreza e da
pobreza extrema. Os pobres são aqueles que perderam o emprego e tiveram uma
redução de renda, mas que ainda conseguem suprir as necessidades básicas com
ajuda, por exemplo, do Bolsa Família.
"Já
os pobres extremos são aquelas pessoas em alguma situação que as impedem de
buscar uma melhor qualidade de vida. É muito comum casos como gravidez na
adolescência e envolvimento com drogas gerarem essa situação", pontua Araújo.
Na
média nacional, a pobreza extrema passou de 3,2% em 2014, ainda segundo o
levantamento da consultoria Tendências, para 4,8% no ano passado, um
crescimento de 1,6 ponto percentual. O estado com a menor proporção atual é
Santa Catarina, com apenas 1,8% da população se encaixando na classificação. Em
2014, esse percentual era de 1,4%.
(Diário do Nordeste)
Postar um comentário