Candidatos
que se dizem de centro, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Henrique
Meirelles (MDB) se uniram no debate de presidenciáveis, promovido pela TV
Globo, ontem à noite, para tentar romper com a polarização entre direita e
esquerda na reta final do primeiro turno. A três dias da ida às urnas, Jair
Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) estão na ponta das pesquisas, com 35% e
22%, respectivamente, segundo o Datafolha.
Primeiro,
Ciro perguntou a Marina sobre o cenário conflagrado do País e a possibilidade
de um novo governo, eleito em meio à tensão política, chegar ao fim. Depois,
foi a vez de Meirelles falar com Ciro sobre a eleição de um "salvador da
pátria".
O
ex-presidente Lula foi lembrado por Haddad no terceiro bloco. Questionado por
Marina sobre a necessidade de autocrítica do PT, o ex-prefeito de São Paulo
defendeu o legado lulista.
"Eu
estou me apresentando ao eleitoral pois represento um projeto que deu certo.
Quando falam que Lula é radical e instituiu o ódio, quando isso? Lula abriu as
portas do Palácio do Planalto a todos os brasileiros e governou para os mais
pobres", afirmou o petista.
Haddad
assumiu um estilo mais direto e enfático em direção às câmeras. Ele também
ressaltou o trabalho que teve ao longo dos governos petistas, tentando
aproximar a vida pessoal aos ganhos da população. "Eu sei o que foram os
12 anos do governo do PT. Eu vivo de salário. Sou professor universitário. Eu
tenho ética, tenho história, tenho vida pública sem nenhum reparo. Não existe
nada na minha vida que não seja produzir o bem", afirmou Haddad.
'Amarelou'
Já
Marina criticou a ausência de Bolsonaro ao último debate. "Bolsonaro
amarelou, deu entrevista para a TV Record e não quis vir aqui", comentou
Marina.
A
candidata da Rede também atacou o "bolsa-empresário" que foi gestado
nos governos petistas. Haddad, na tréplica, disse que ela estava sendo injusta.
"Dei
muitas entrevistas reconhecendo erros que foram cometidos. Mas não vou jogar a
criança com a água do banho", disse, lembrando de conquistas do período,
como um saldo de 20 milhões de empregos.
Dobradinha
Ciro
e Marina repetiram a "dobradinha" do debate anterior e aproveitaram
para criticar a polarização entre Bolsonaro e Haddad, sugerindo um novo
caminho. "Não acredito que, a permanecer essa polarização, se tenha
possibilidade de governar o Brasil", respondeu Marina a Ciro, o primeiro a
fazer pergunta no debate da TV Globo.
"As
palavras de Marina são sábias e o brasileiro que está ouvindo que ainda não
decidiu seu voto, deve ouvi-las. O que está em jogo aqui não é paixão
partidária nem o ódio, mas milhões de desempregados", disse Ciro, para
quem a eleição deste ano caminha para repetir a trajetória de ódio que marcou o
período após a eleição de 2014, que culminou com o impeachment da presidente
Dilma Rousseff (PT) e a chegada ao poder do vice, Michel Temer.
Bolsonaro
Em
entrevista exibida pela TV Record no mesmo horário do debate entre os
presidenciáveis na TV Globo, Bolsonaro não foi pressionado, recebeu perguntas
propícias para expor suas pautas e foi exibido como uma figura dócil, ainda fragilizada
devido à facada que recebeu no início de setembro. Bolsonaro foi proibido por
seus médicos de participar do debate por estar em recuperação após ser
esfaqueado.
Na
terça-feira (2), o bispo Edir Macedo, proprietário da TV Record, manifestou
apoio a Bolsonaro. O anúncio da entrevista revoltou os adversários do capitão
reformado. As coligações de Haddad, de Meirelles e Boulos (PSOL), além do
deputado Wadih Damous (PT-RJ), pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que
a exibição da entrevista fosse proibida.
Eles
alegaram que levar a entrevista com Bolsonaro ao ar infringia as normas de
conduta para as televisões. O ministro Carlos Horbach liberou a veiculação da
entrevista. (Diário do Nordeste)
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