Desafio
histórico para o Ceará, o nível da renda dos trabalhadores continua a ser um
dos principais problemas enfrentados pelo próximo governo. Segundo dados da
Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), a remuneração média do trabalhador cearense continua a ser a mais baixa
do País.
Com
média de R$ 2.248,26 em 2017 entre trabalhadores formais, o Estado perde para
economias menores como Paraíba (R$ 2.273,50), Alagoas (R$ 2.280,21) e Maranhão
(R$ 2.416,71). "É incompatível com o PIB (Produto Interno Bruto) do
Estado, o terceiro maior do Nordeste", avalia Reginaldo Aguiar, economista
do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
Segundo
Aguiar, a situação reflete a atuação de empresas privadas que pagam salários
baixos aos funcionários e também que fazem diferenciação do valor da força de
trabalho entre os estados. "Há empresas que, para uma mesma função, paga
um salário mínimo aqui e R$ 1.800 em Santa Catarina. A política de atrair
grandes empresas internacionais, com políticas definidas, ajuda mais",
aponta.
O
economista Ricardo Eleutério reforça que os retornos financeiros derivam da
qualificação das pessoas, enquanto grande parte da população teve pouco acesso
à formação. "Isso se traduz em baixa produtividade e baixa remuneração, o
que são números desafiadores a serem enfrentados, além da própria concentração
econômica do Estado em poucos municípios", aponta.
Por
isso, ele defende ser necessário que o Estado continue avançando em educação e
na consolidação do crescimento da economia em ritmo superior ao do País.
"É importante também consolidar o avanço na movimentação turística, que já
exerce um efeito na construção de resorts e hotéis no Ceará".
Contas
em ordem
Já
o economista Allisson Martins destaca que o novo governo deverá manter as
contas públicas em ordem, uma vez que incertezas econômicas e possíveis
reformas poderão trazer algum impacto nas finanças do Estado.
"Programas
de apoio aos negócios rurais, sobretudo da agricultura familiar, para a
inclusão produtiva e a geração de emprego e renda, deverão ser
catalisados", aponta. O economista avalia ainda que acelerar as obras de
infraestrutura poderá ajudar a gerar empregos e promover um desenvolvimento
econômico mais robusto e sustentável.
(Diário do Nordeste)
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