A
dona de casa Amanda Cristina Alves da Silva, de 28 anos, saiu de um coma de 32
dias após ter tido o primeiro contato físico com o filho recém-nascido. O caso
ocorreu na Maternidade Escola Assis Chateubriand (Meac), da Universidade
Federal do Ceará (UFC), em março deste ano.
A
mãe mora no bairro Conjunto Palmeiras, na Regional VI da Capital, e teve um
parto de emergência após ter sofrido uma convulsão, fruto da epilepsia crônica
que carrega consigo desde os sete anos de idade. A crise ocorreu após uma
discussão com o marido, o qual a levou imediatamente para o Hospital.
A
epilepsia é uma alteração temporária do funcionamento do cérebro capaz de ser
revertida. Há diversos níveis de crise epiléptica, sendo mais perigosas as que
duram mais de 30 minutos, podendo prejudicar funções cerebrais.
"A
última lembrança que eu tenho é de que eu tava muito nervosa, minha pressão
deve ter caído. Acho que eu desmaiei e não lembro de mais nada", afirma
Amanda Cristina, já bem de saúde e a ponto de comemorar sete meses de vida do
pequeno Victor Hugo, responsável pela reanimação da mulher no leito da Unidade
de Terapia Semi-intensiva da Meac.
Amanda Cristina teve um parto de emergência após ter sofrido uma convulsão. FOTO: Divulgação-Meac |
Após
os 32 dias de coma, a dona de casa ficou mais duas semanas em atenção na
Maternidade, teve febre, mas, após isso, garantiu o repouso na própria casa.
"Não tenho crítica nenhuma à Maternidade, nada a reclamar. O pessoal me
tratou super bem e, se não fosse por eles e Jesus, não sei o que teria
acontecido", agradece.
História
Amanda
e o marido vieram de Guarulhos (SP) há cerca de quatro anos a fim de encontrar
vaga em uma maternidade que conseguisse dar toda a assistência para a filha que
viria a nascer. "Minha família de lá comentou comigo que eu não poderia
ter parto normal. Até os próprios médicos falaram para mim que, se eu tivesse
parto normal, ou morreria eu ou a criança. Falaram que o cesareano é mais facil
encontrar aqui", ressaltou.
Na
barriga, Vitória, de quatro anos, veio em 2014; no início de 2017, foi a vez de
Cristofer estrear no mundo, agora ele tem um ano e nove meses. Mas a ideia de
colocar o nome do terceiro filho veio de antes: "Victor eu achei o nome
muito bonito e Hugo por causa do meu pai", sintetiza Amanda, ressaltando
que, no próximo dia 9, ele completa oito meses.
Dona
de casa, Amanda já terminou o Ensino Médio, mas não gosta muito da região na
qual mora por considerar o bairro "perigoso e violento". Os planos de
ir para outro local esbarram, porém, na renda familiar, prejudicada também em
razão da epilepsia. "Por enquanto quem tá me ajudando é meu marido, que
faz uns bicos no bairro, vendendo frutas. Mas a quantidade que ele ganha é bem
menos do que eu ganho no Bolsa Família; quem tá me ajudando mesmo é o Bolsa
Família", completa.
"É
terrível viver assim, já fiz vários eletro(cardiogramas), mas não deu nada no
crânio, só vão dar o remédio para controlar as convulsões e desde os sete anos
tomo para controlar as crises", considera a mulher. Desde o último parto,
Amanda não buscou nenhuma ajuda com neurologistas em razão da doença e dos três
filhos que precisa cuidar. "Eu nao conheço nada daqui de Fortaleza, meu
pai sabe mais do que eu. Pra mim saber de alguma coisa, tenho que pedir alguma
ajuda pra ele. E ele trabalha de domingo a domingo", afirma. (Diário do Nordeste)
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