Os
sete anos seguidos de chuva abaixo da média impactam o setor agropecuário no
sertão cearense. Apesar das dificuldades, o cultivo de algodão orgânico resiste
na região dos Inhamuns, uma das mais afetadas por questões climáticas. O
esforço de produtores de base familiar coloca o Estado em primeiro lugar no
Nordeste na produção da cotonicultura sem uso de agrotóxico.
Para
2019, a expectativa é ampliar o plantio ecológico da fibra. Os produtores estão
animados com a intenção do governo do Estado de fazer zoneamento e distribuir
sementes entre os agricultores interessados. O município de Tauá que é exemplo
atual na cotonicultura orgânica quer ser uma das áreas beneficiadas.
O
algodão orgânico tem com certificação do Instituto Biodinâmico (IBD). A
produção tem venda garantida para empresas que atuam no setor de confecção de
roupas e calçados (tênis), que utilizam matérias-primas de origem
agroecológica. O preço de comercialização já é conhecido no início de cada ano.
A
cotonicultura orgânica é produzida em unidades familiares, em modelo de
consórcios agroecológicos, que consiste em cultivar o algodão em faixas
alternadas com culturas alimentares (milho, feijão, gergelim) e forrageiras. No
município de Tauá, os agricultores têm o apoio da Associação de Desenvolvimento
Econômico e Cultural (Adec).
O
trabalho com o plantio do algodão agroecológico começou em 1994. O manejo é
feito de forma consorciada com grãos, sem uso de agrotóxico e de adubos
químicos, utilizando técnicas de conservação do solo, que minimizam os impactos
ambientais. Não se faz queimadas e incentiva-se o plantio de árvores nativas
visando ao reflorestamento.
Neste
ano, por conta da escassez de água, o número de produtores caiu pela metade.
Havia mais de cem inscritos, mas 50 decidiram plantar. “A falta de chuva
influenciou, alguns desistiram, mas foram colhidas vinte toneladas de algodão
em rama (pluma e caroço)”, explicou o tesoureiro e produtor associado da Adec,
Manoel Lino Siqueira de Melo. Em pluma, a safra foi de 7.500 quilos.
Na sede da Adec, em Tauá, o algodão é beneficiado. É feita a separação mecânica do caroço e da pluma, que é prensada. O quilo do produto é comercializado por R$ 14,00. Por ser orgânico, agrega-se mais valor ao produto.
Na sede da Adec, em Tauá, o algodão é beneficiado. É feita a separação mecânica do caroço e da pluma, que é prensada. O quilo do produto é comercializado por R$ 14,00. Por ser orgânico, agrega-se mais valor ao produto.
“Somos
exemplos de resistência e a safra a cada ano mostra que o empreendimento é
sustentável”, pontuou Lino Melo. O caroço é vendido para plantio e
beneficiamento de ração. “Temos empresas que compram toda a produção de pluma e
do caroço”.
Em outros municípios, como Independência, Crateús, Parambu, Novo Oriente e no Sertão Central há núcleo de produtores de algodão orgânico, mas que sofreu redução em face das perdas sucessivas com os anos seguidos de chuvas abaixo da média e irregulares durante a quadra invernosa. No Ceará, três associações desenvolvem trabalho de assistência técnica e de comercialização da safra. (Diário do Nordeste)
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