Novembro
inicia com um célebre dia 5. Quando se comemora a alma de um povo, suas raízes
e identidade. É marcado como Dia Nacional da Cultura e ainda Dia da Língua
Portuguesa e do Cinema Brasileiro. Uma comemoração tripla que abraça todas
as manifestações do teatro, da dança, do cinema, do circo, da literatura e das
artes visuais.
Berço
de senhores e senhoras com raízes profundas de conhecimentos e memórias que
carregam a cultura de um povo, o Cariri cearense é uma das maiores vitrines de
manifestações culturais e tradicionais do Estado. Uma região que vê a
ancestralidade se expandir e ser preservada com o passar do tempo, sendo
resistente e tesouro vivo. Durante o mês de novembro, de 16 a 20, a região
recebe a Mostra Sesc Cariri de Culturas, um evento que acolhe arte e cultura
popular de cada canto do País, em 26 municípios, sem deixar de lado as
expressões artísticas da região.
Lugar
de Memória
É
na tradição que a cultura encontra suporte. Do latim traditio, tradição
significa “entregar” ou “passar adiante”. Como uma herança imaterial, o
legado de saberes e fazeres é transmitido de geração em geração, proporcionando
a continuidade da cultura no Cariri cearense. Desde sua primeira edição, em
1999, a Mostra Sesc Cariri tem em sua essência a valorização das tradições,
abrindo espaço para cores, sotaques e os encantos dos grupos de tradição do sul
do Ceará. De lá pra cá, todo lugar vira palco para os brincantes de maracatu,
coco, reisados, maneiro pau e bandas cabaçais se apresentarem.
O
som marcante dos tambores e pífanos criam a atmosfera que o público aguarda,
tradicionalmente, pela Mostra, segundo a técnica de cultura do Sesc Crato,
Suzana Carneiro. “A participação dos Mestres é entendida com verdadeira
reverência, os grupos de tradição no cortejo sinalizam para a população que a
Mostra está verdadeiramente iniciando e as ruas do comércio são tomadas pelos
brincantes”, relata. A Mostra Sesc Cariri de Culturas é a culminância das ações
de valorização artística e educativa promovidas pelo Sesc durante todo o ano em
suas unidades, sendo palco e suporte para as mais diversas manifestações.
Como
símbolo de integração cultural, em sua vigésima edição, a Mostra conta com 108
grupos de tradição e traz de volta as famosas Terreiradas, que são o encontro
de grupos na casa/terreiro dos Mestres. Suzana explica que durante três dias,
grupos se encontram para festejar e brincar junto às comunidades “em ações
descentralizadas, ressaltando a importância da preservação dos terreiros como
locais de cultura viva e latente, onde a manifestação cultural pode ser vista
de forma orgânica e prioritária na sua essência”.
Através
de cada edição, Suzana Carneiro nota que o espaço/tempo é feito e refeito, e a
região tem a possibilidade de imprimir sua personalidade pelas cores e ritmos,
pelas manifestações locais, pela forma como sabe receber quem está chegando. A
técnica de cultura define a Mostra Sesc Cariri como um festival com Alma, uma
vez que “consegue ir de encontro com o outro de forma plural”. Uma união entre
o que é tradição e o que é contemporâneo.
Museus
Orgânicos
Além
das festividades da Mostra Sesc Cariri, o contato com a história dos Mestres da
Cultura se tornou uma possibilidade atemporal a partir da criação dos Museus
Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri. O projeto – parceria do
Sesc, braço social do Sistema Fecomércio Ceará e Fundação Casa Grande – visa
fortalecer as raízes culturais, transformando as casas dos Mestres em espaços
de visitação e troca de vivências. Objetos pessoais, fotografias, vestimentas,
instrumentos são alguns dos elementos que compõem os museus que irão homenagear
16 mestres da cultura.
Guardiões
da Tradição
O
Sesc é precursor no reconhecimento daqueles que compartilham o saber pela
tradição oral. Em sua primeira edição, quando ainda era Mostra Sesc Cariri de
Teatro já contou com a participação de quatros símbolos de Cultura: Mestre
Aldenir que comanda três dos mais tradicionais grupos de reisados do Cariri;
Mestre Cirilo da tradicional dança coletiva de Maneiro Pau; Irmãos Aniceto com
os instrumentos de sopro e percussão da Banda Cabaçal; e Mestra Zulene Galdino
que criou o grupo de dança Cintura Fina.
Eles
fazem parte da história da Mostra antes mesmo de receberem o título de Mestre
da Cultura Tradicional Popular, conferido pelo Governo do Ceará, por meio da
Secretaria de Cultura, a partir das Leis 13.351/2003 e 13.842/2006.
Brincante
de reisado desde 1955, Mestre Aldenir, aprendeu as embaixadas com um tio que
era “fanático” pela festa dos Reis. A paixão virou uma missão de vida e ele
conta que, da cidade do Crato, já ensinou muita gente, inclusive outros
mestres. “É uma coisa que eu sonho com o reisado. Tenho muita tristeza que não
faço mais como antes, mas tenho neto meu, filho meu, e quero ensinar mais
ainda”, que se define, aos 85 anos, um eterno brincante.
Em
uma relação com a Mostra Sesc Cariri que já perpassa as 20 edições, o Mestre
percebe o valor do encontro no sorriso dos mais novos. “É um evento muito
importante para a tradição, todo mundo fica muito feliz, as crianças que tão
começando ficam muito alegres porque são bem recebidas”, relata.
O
amor pela cultura popular também move a vida da Mestra Zulene. Entre
quadrilhas, maneiro pau e cintura fina, ela é uma defensora da tradição e não
se vê fazendo outra coisa. “Não quero que nossa tradição se acabe, ensino
os meninos aqui para eles darem continuidade”. Ela fala com orgulho de suas
participações nos eventos do Sesc “muita gente não entende de cultura popular,
da nossa tradição, mas o Sesc tem essa atenção e continua sempre convidando a
gente pra participar”, explica.
Para
a Mestra da cultura, a relevância da tradição está na simplicidade “que vem da
raiz, acho que vem de Deus que é simples”. Ela tem a Mostra Sesc como um
momento de conhecer novas pessoas e estar perto de outras culturas, e recorda
com saudosismo as terreiradas e festas na Praça da Sé.
Tradicional
Novembro
“Se
pensarmos que tradição é tudo que nos atravessa, que transmite, entrega,
transfere a partir da experiência, a Mostra nesses 19 anos vem cumprindo seu
papel”, conta Suzana Carneiro. Com vinte edições, a Mostra Sesc Cariri já
se tornou uma tradição para os apreciadores de arte, música, dança e
festividades populares. Tendo como ponto de partida a cidade do Crato, em sua
primeira edição, a Mostra se consolidou como um dos maiores encontros de
difusão de manifestações artísticas e culturais no Brasil, alcançando 26
municípios do cariri cearense.
Para
a técnica de Cultura, novembro entrou no calendário como o mês do encontro de
diversas linguagens artísticas, unindo raízes culturais com a modernidade de
todas as regiões do país. “A Mostra Sesc Cariri tem sua importância para a
região e torna-se tradicional no calendário da população local e
circunvizinhas, bem como, de artistas de todo a país, pois é um festival com
Alma”, conta.
Serviço:
20ª Mostra Sesc Cariri de Culturas
Período: 16 a 20 de novembro
Local: Região do Cariri (Polos Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Nova Olinda)
Programação: Site www.mostracariri.com.br e no aplicativo de celular “Mostra Sesc Cariri”, disponível para Android e iOS
20ª Mostra Sesc Cariri de Culturas
Período: 16 a 20 de novembro
Local: Região do Cariri (Polos Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Nova Olinda)
Programação: Site www.mostracariri.com.br e no aplicativo de celular “Mostra Sesc Cariri”, disponível para Android e iOS
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