João Dummar Neto discursa sobre a
importância do agronegócio. FOTO ALEX GOMES
"A vinda das águas do rio São Francisco é importantíssima para que o setor agropecuário continue produzindo, gerando emprego e renda no semiárido nordestino". O alerta é do presidente da Associação Brasileira de Fruticultura (Abrafrutas) e sócio-diretor da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, que ontem abriu o Fórum do Agronegócio Cearense, na sede da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O evento promovido pela Fundação Demócrito Rocha debateu as oportunidades e os desafios do agronegócio no Estado.

Os seis anos consecutivos de crise hídrica estão cobrando um preço muito alto do setor no Ceará. Embora o volume de chuvas esteja melhor neste ano e o Estado seja o terceiro maior exportador de frutas do Nordeste, o tamanho de área plantada reduziu drasticamente.

Hoje, as principais empresas cearenses, a Agrícola Famosa e Itaueira, tiveram que migrar suas plantações de melão para outros estados do Nordeste e de três anos para cá mais de 3.500 postos de trabalho foram fechados. E a produção de camarão caiu para quase metade, de acordo com a Associação Cearense de Criadores de Camarão (AACC).

Enquanto isso, as obras de transposição do rio São Francisco, previstas para serem concluídas ainda neste ano, foram adiadas para o próximo semestre em função de um vazamento na última estação de bombeamento do Eixo Norte, o canal que leva água até o Ceará.

O preço deste recurso ainda é uma incógnita e uma grande questão a ser enfrentada pelo setor produtivo. Mesmo assim, Barcelos está otimista. "A água mais cara sempre vai ser a que não se tem", afirmou Barcelos, ressaltando que os avanços obtidos em governança e equipamentos logísticos no Estado, por outro lado, têm aberto vantagens competitivas ao setor.

A opinião é compartilhada pelo presidente do Conselho Administrativo da Itaueira e diretor da Fiec, Carlos Prado, que reforça a necessidade de se pensar também em alternativas para além da transposição, como reúso e dessalinização da água do mar. "E o Estado está saindo na frente com este edital que será lançado".

Os investimentos em melhoria de produtividade e tecnologia por parte das empresas também são essenciais para melhorar o convívio com a seca. O presidente da Betânia Lácteos, Bruno Girão, diz que nos últimos sete anos, a produção de leite cresceu 25%. "Isso mostra que alguma coisa aconteceu e foi a melhora da produtividade".     (O Povo)

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