Da dir à esq: Nelri, Regivaldo e Geraldo, de Sergipe, que colecionam anos de devoção e romaria. FOTO: Alana Soares
Eles são filhos, netos e bisnetos de romeiros do Padre Cícero e fiéis de Nossa Senhora das Dores que atravessaram sertões ao longo da vida para rezar na terra santa do Nordeste, Juazeiro do Norte. De geração em geração, os romeiros de Cícero repassam os ensinamentos da vida cristã e cultivam em seus filhos e netos a semente da romaria. 

Foi assim com os três amigos de Belo Jardim (Pernambuco) que encontrei na praça Padre Cícero no penúltimo dia da Romaria de Finados. Aquela foi a quinta romaria de Arivelton de Sousa Almeida, 27, a terceira de Eduardo Micael, 18, e a primeira de Eduardo Almeida, 25. Os três tinham acabado de descer a pé do Horto e estavam a procura de uma programação para relaxar.

"Estou decepcionado por terem acabado com as festas que tinha aqui na praça. Era muito bom", diz Arivelton. Apesar disso, elogiou a reforma da praça. Para o romeiro de primeira viagem Eduardo Almeida "quase tudo é novo e muito bom de se conhecer" e listou os lugares por onde passaram: Igreja dos Franciscanos, Horto e Estátua, Igreja Matriz e Largo do Socorro.

Eles andam a pé e escapam da programação familiar à noite. Procuram novos lugares, bares, restaurantes nos intermédios do centro e querem conhecer o Shopping. "O único problema é Belo Jardim toda estar aqui também", brinca Micael quando pergunto se também procuram namoro nessas viagens.

Micael revela que foi na missa apenas uma vez. "Minha família toda tem devoção, mas me deixam livre para escolher se quero seguir este rumo ou não. Fui sozinho para uma missa nos Franciscanos. Foi bom". Já Arivelton media: "É até melhor ter essa liberdade, porque quando vamos nos sentimos muito bem. Vamos no Horto e fazemos as promessas e agradecimentos ao Padre Cícero. Querendo ou não acompanhamos os princípios dos mais velhos: respeitar, rezar e cumprir as promessas", explica.

Nelri Leite, 33, é rigoroso com sua programação religiosa. Aprendeu com os pais e coleciona 25 anos de idas e vindas à Juazeiro do Norte. Diferente dos visitantes de cidades pequenas, Nelri que vem de Maceió (Sergipe) não vê muita novidade nos atrativos de Juazeiro. No entanto, confessa desconhecer a noite dos Franciscanos, as lanchonetes da rua São Paulo e as atividades do Sesc ou Centro Cultural BNB. Também não foi ao Crato ou a Barbalha. Para ele, faz mais sentido se concentrar nas atividades próximas ao hotel onde está hospedado, no centro.

Uma coisa une os jovens romeiros: curiosidade e devoção familiar. Resta Juazeiro aprender a cativa-los.      (Site Miséria)

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