Agricultor Remildo Gomes produz hortaliças
(cheiro verde,
coentro, pimentão)
e vende para sítios vizinhos. FOTO: Honório Barbosa
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Como
agricultores de base familiar conseguem produzir frutas e hortaliças para
consumo próprio e comercializar o excedente, no sertão cearense, após sete anos
seguidos de chuvas abaixo da média? A resposta está no uso correto de
tecnologias de convivência com o Semiárido.
Na
região Centro-Sul do Ceará, há bons exemplos que servem de modelo para outras
famílias sertanejas. Visitas de intercâmbio entre produtores de base familiar
servem de incentivo e de aulas práticas para que outros agricultores sigam
experiências exitosas. Um exemplo vem das comunidades Vacas e Areias dos
Divinos, na zona rural de Acopiara, onde há cultivo de hortaliças, legumes,
frutas, criação de animais e aves.
Famílias
contempladas com o projeto P1+2 (Uma Terra e Duas Águas), dispõem de
tecnologias sociais (cisternas-calçadão, de enxurrada e o barreiro-trincheira)
que fazem a captação de água das chuvas para ser usada ao longo do ano. A
reserva hídrica assegura a produção de alimentos e criação de pequenos animais.
Na
região Centro-sul, as tecnologias são implantadas e acompanhadas pela ONG
Instituto Elo Amigo. O coordenador de projetos da instituição, Francisco Braz,
lembrou que a troca de experiências por meio de visitas possibilita melhoria do
uso das tecnologias sociais. "As famílias passam a produzir mais e melhor.
Mesmo em meio à seca, há diversidade de produção".
A
agricultora Laura Bezerra, moradora da comunidade de Junco, zona rural de
Iguatu, percebeu a forma adequada de produzir e de economizar a água da
cisterna. "Quando a gente vê pessoalmente um modelo produtivo, fica
motivada e começa a produzir mais", externou.
Do
açude do Cedro, Raimundo Pereira Sucupira ficou admirado com a diversidade de
produção de alimentos em meio à seca. "Eu contei mais de 30 tipos de
frutas. É incrível! Eu vou poder produzir e economizar dinheiro. Tenho que
aprender e também repassar um dia para meus colegas", frisou.
Quintais
produtivos
Atualmente,
o Instituto Elo Amigo executa o projeto P1+2 nos municípios de Iguatu e Icó, e
irá beneficiar 200 agricultores de base familiar com a implementação de
tecnologias para desenvolvimento de quintais produtivos e práticas
agroecológicas.
"Muitas
pessoas podem imaginar que as tecnologias de convivência com a seca são
equipamentos caros, complicados, mas são apenas obras simples, medidas que
qualquer agricultor pode fazer", explicou Braz.
Cada
município terá 51 cisternas-calçadão, 44 de enxurradas e cinco
barreiros-trincheira. Um investimento superior a R$ 2 milhões. Em Guassussê, na
zona rural do Município de Orós, o agricultor Remildo Gomes consegue produzir
hortaliças (cheiro-verde, coentro, pimentão) e vender para os sítios vizinhos.
"Dá uma renda livre de um pouco mais de salário mínimo por mês". (Diário do Nordeste)
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