Na incidência de manchas esbranquiçadas ou vermelhas na pele, com
dormência nas áreas lesionadas, a orientação é buscar atendimento
médico para um diagnóstico. FOTO: NATINHO RODRIGUES
Os sinais são claros, mas nem sempre considerados por quem os têm. No aparecimento de manchas esbranquiçadas ou vermelhas na pele e com perda de sensibilidade nas áreas lesionadas, busque orientação médica, pode ser hanseníase. Durante o janeiro roxo, mês em que é celebrado o dia mundial de luta contra a doença, é reforçado o alerta para a prevenção e o tratamento correto da patologia, ainda muito negligenciada e que, só em 2018, gerou 1.700 novos casos no Ceará.

Um aumento de quase 9,5% em relação a 2017, quando o Estado registrou 1.554 casos da doença, segundo último boletim epidemiológico da Secretária da Saúde do Estado (Sesa). Levando em consideração a taxa de detecção geral, houve redução de 42,6% no período de 2008 a 2017, passando de 30,5 para 17,5 por 100 mil habitantes.

Chama atenção, no entanto, o crescimento de 17,8% dos casos de hanseníase multibacilar - o tipo mais grave - no mesmo período de 10 anos. Conforme a diretora do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia, Araci Pontes, isso decorre do diagnóstico tardio da doença, aumentando assim o risco de a pessoa desenvolver alguma incapacidade física.

A médica aponta que, apesar do adulto jovem - entre 25 e 40 anos - ser o perfil mais acometido pela doença, vem aumentando a prevalência em crianças abaixo dos 15 anos. Em 2017, a taxa de detecção nessa faixa etária foi de 2,7 para cada 100 mil habitantes no Estado.

Além das manchas, segundo explica, pessoas acometidas pela enfermidade podem apresentar caroços espalhados pelo corpo, assim como alteração de sensibilidade nas plantas dos pés e palmas das mãos. "Tendo um desses sinais, a pessoa deve procurar a atenção médica para poder se diagnosticar e tratar corretamente. É uma doença ainda muito estigmatizada, mas ela tem cura. Se a pessoa se tratar precocemente não terá nenhuma complicação", esclarece a especialista.

O tratamento, que pode durar entre seis meses a um ano, é feito de forma ambulatorial, oferecido pela rede básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar disso, um dos indicadores favoráveis à transmissão da doença continua sendo a taxa de abandono, que em 2017 chegou a 4,6, reduzindo em 5% o índice de cura, de 84,2% no mesmo ano, em relação a 2014. Por isso, destaca Araci Pontes, o Ministério da Saúde avalia a possibilidade de redução do tempo para no máximo seis meses.

Reincidência
O abandono também favorece à reincidência da doença. Analisando a distribuição espacial dos casos entre 2014 e 2017, a proporção de municípios cearenses que registraram recidivas passou de 16,3% para 87,7%, de acordo com o boletim da Sesa. "A recidiva pode ocorrer porque o paciente teve uma queda da imunidade e voltou a apresentar o mesmo bacilo. O tratamento não gera imunidade definitiva. Se a pessoa continuar em contato com pessoas que não estão se tratando aquele bacilo fica circulando e ela pega de novo", destaca Araci Pontes.

De origem infectocontagiosa, a hanseníase é transmitida pelo ar, em contato frequente com a pessoa doente, assim como por tosse ou espirro. Como prevenção, familiares e pessoas próximas a infectados devem procurar uma unidade de saúde para avaliação. No caso de não diagnosticada, a orientação é que a pessoa receba uma dose de reforço da vacina BCG, que aumenta as defesas do imunizado contra a doença.  (Diário do Nordeste)

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