Na incidência de manchas esbranquiçadas ou vermelhas na
pele, com
dormência nas áreas lesionadas, a orientação é buscar atendimento
médico para um diagnóstico. FOTO: NATINHO RODRIGUES
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Um
aumento de quase 9,5% em relação a 2017, quando o Estado registrou 1.554 casos
da doença, segundo último boletim epidemiológico da Secretária da Saúde do
Estado (Sesa). Levando em consideração a taxa de detecção geral, houve redução
de 42,6% no período de 2008 a 2017, passando de 30,5 para 17,5 por 100 mil
habitantes.
Chama
atenção, no entanto, o crescimento de 17,8% dos casos de hanseníase
multibacilar - o tipo mais grave - no mesmo período de 10 anos. Conforme a
diretora do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona
Libânia, Araci Pontes, isso decorre do diagnóstico tardio da doença, aumentando
assim o risco de a pessoa desenvolver alguma incapacidade física.
A
médica aponta que, apesar do adulto jovem - entre 25 e 40 anos - ser o perfil
mais acometido pela doença, vem aumentando a prevalência em crianças abaixo dos
15 anos. Em 2017, a taxa de detecção nessa faixa etária foi de 2,7 para cada
100 mil habitantes no Estado.
Além
das manchas, segundo explica, pessoas acometidas pela enfermidade podem
apresentar caroços espalhados pelo corpo, assim como alteração de sensibilidade
nas plantas dos pés e palmas das mãos. "Tendo um desses sinais, a pessoa
deve procurar a atenção médica para poder se diagnosticar e tratar
corretamente. É uma doença ainda muito estigmatizada, mas ela tem cura. Se a
pessoa se tratar precocemente não terá nenhuma complicação", esclarece a
especialista.
O
tratamento, que pode durar entre seis meses a um ano, é feito de forma
ambulatorial, oferecido pela rede básica do Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar disso, um dos indicadores favoráveis à transmissão da doença continua
sendo a taxa de abandono, que em 2017 chegou a 4,6, reduzindo em 5% o índice de
cura, de 84,2% no mesmo ano, em relação a 2014. Por isso, destaca Araci Pontes,
o Ministério da Saúde avalia a possibilidade de redução do tempo para no máximo
seis meses.
Reincidência
O
abandono também favorece à reincidência da doença. Analisando a distribuição
espacial dos casos entre 2014 e 2017, a proporção de municípios cearenses que
registraram recidivas passou de 16,3% para 87,7%, de acordo com o boletim da
Sesa. "A recidiva pode ocorrer porque o paciente teve uma queda da
imunidade e voltou a apresentar o mesmo bacilo. O tratamento não gera imunidade
definitiva. Se a pessoa continuar em contato com pessoas que não estão se
tratando aquele bacilo fica circulando e ela pega de novo", destaca Araci
Pontes.
De
origem infectocontagiosa, a hanseníase é transmitida pelo ar, em contato
frequente com a pessoa doente, assim como por tosse ou espirro. Como prevenção,
familiares e pessoas próximas a infectados devem procurar uma unidade de saúde
para avaliação. No caso de não diagnosticada, a orientação é que a pessoa
receba uma dose de reforço da vacina BCG, que aumenta as defesas do imunizado
contra a doença. (Diário do Nordeste)
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