No forró, Junior Gomes já escreveu mais de 100
composições. FOTO: Natinho Rodrigues
Do sertão de Quixeramobim, surge um dos nomes mais solicitados para compor no meio sertanejo. Desconhecido para o público em geral, mas com as estrofes de canções como “Notificação Preferida” e “Zé da Recaída”, transformou-se num dos compositores mais conhecidos do País. Aos 28 anos, Júnior Gomes venceu a pobreza e assina os hits mais ouvidos do Brasil. Filho de um analfabeto repentista, o músico tirou as primeiras notas de uma viola aos sete anos de idade.

“Meu pai é a maior referência que tenho. Quando criança, de tanto ouvir o som da viola, me estimulei para compor. Comecei por brincadeira para mostrar na minha comunidade, com pouco mais de 200 habitantes”, revela o cearense.

Longe da terra natal, Júnior se divide entre Goiânia e Quixeramobim, além das viagens mensais no restante do País. “Tive uma infância muito pobre. Meus pais ainda são agricultores. Não querem sair da roça. Ajudava na roça até os meus 18 anos, quando terminei meu ensino médio. Minha infância foi humilde. Graças a Deus, nunca faltou comida, mas não podia ter muita no prato, porque senão faltava para o outro dia. Meus pais foram muitos guerreiros. Eu era preguiçoso”, fala rindo o compositor.


Atualmente, Júnior vive do que recebe do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) das músicas que produz, além de outros negócios. “Tenho empreendimentos. Meu maior sonho, eu realizei no início deste ano. Dei uma casa nova para os meus pais. Não tive maior emoção do que esta na minha vida. Daqui pra frente é colher outros frutos”. O compositor vive com a esposa de Fortaleza e um filho em condomínio em Goiânia.

Trabalho
Há dois anos morando em Goiânia, Júnior atua como compositor para os principais nomes da música sertaneja. O forró foi a porta de entrada para o mundo da música. “Eu já tinha gravado mais de 100 letras no forró. Apesar de eu ter nascido no interior, eu sempre pensei grande.

“Em Fortaleza, eu gravei com 100% das bandas. Aviões, Wesley Safadão, Solteirões e Gabriel Diniz foram alguns. Meu primeiro sucesso no Nordeste foi “Levanta a Mão Pro Céu”, em seguida teve “FDS”. O sertanejo veio depois”. Júnior conta que chegou um momento da carreira que já não tinha mais o que fazer apenas pelo forró.

“Há dois anos, decidi me mudar para Goiânia. Não tomei essa decisão sozinho. Trabalho em equipe com outros compositores. Em uma dessas viagens para Goiânia, me questionei por que não morar lá? Já estávamos em uma logística de viajar toda semana. Estava ficando longe do meu filho e então resolvi ir embora. Foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida”.

Na capital do sertanejo, a rotina de Júnior é entre nomes conhecidos da música. “O que sinto muito dos cantores sertanejos é a reciprocidade pelos compositores. Por isso que o gênero sertanejo eu considero como música popular brasileira. Eles conseguem ficar próximo de quem produz. 

Neste mês, o cantor prepara composições para o conterrâneo Wesley Safadão. “Hoje, os cantores trazem a gente para compor. A gente fica em uma casa ou chácara para escrever só para eles. Vivemos praticamente desse jeito. Passamos dois dias escrevendo. No terceiro, o cantor encontra a gente para escutar o que produzimos com exclusividade. Passamos o tempo viajando. Hoje, os cantores vêm atrás. Antes a gente tinha que ir em busca deles”. conclui.          (Diário do Nordeste)

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