Em
comunicado enviado aos funcionários por e-mail e também fixado no quadro de
avisos das cinco fábricas do grupo no Brasil o presidente da General Motors
Mercosul, Carlos Zarlenga, informou na sexta-feira (18) que
"investimentos e o futuro" do grupo na região dependem da volta da lucratividade das
operações ainda este ano. O aviso foi entendido pelos trabalhadores como uma
ameaça de deixar o País.
No
comunicado, Zarlenga reproduziu matéria publicada na semana passada pelo jornal
Detroit News afirmando que, ao divulgar o balanço financeiro de 2018 aos
acionistas, a presidente mundial da companhia, Mary Barra, deu sinais de que
está considerando sair da América do Sul, onde mantém fábricas no Brasil e na
Argentina.
"Não
vamos continuar investindo para perder dinheiro", disse a
executiva. Segundo ela, os maiores mercados sul-americanos continuam sendo
desafiadores e "partes interessadas" na região trabalham com a
empresa para tomar ações necessárias para melhorar o negócio "ou
considerar outras opções".
Zarlenga
afirmou que a GM teve prejuízo
significativo de 2016 a 2018 e que "2019 será um ano
decisivo para nossa história". Segundo ele, a empresa vive momento crítico
"que vai exigir importantes sacrifícios de todos".
Um
plano que foi apresentado à matriz requer apoio do governo, concessionários, empregados,
sindicatos e fornecedores. "Do sucesso desse plano dependem os
investimentos da GM e o nosso futuro."
Procurada,
a assessoria da empresa não comentou o assunto.
A
GM é líder em
vendas no mercado brasileiro há três anos e modelo Onix,
fabricado em Gravataí (RS), é o carro mais vendido no País. Em fevereiro de
2018, a empresa anunciou R$ 1,2 bilhão de investimentos na fábrica de São
Caetano do Sul, no ABC paulista, para ampliar a capacidade produtiva de 250 mil
para 330 mil unidades ao ano. O montante faz parte de um plano de R$ 13 bilhões
que foram aplicados no País nos últimos cinco anos.
Flexibilização
Na
fábrica do ABC, os cerca de 4,5 mil
funcionários da área produtiva estão em férias coletivas
desde 23 de dezembro e só retornam no dia 28. "A produção está parada
porque a fábrica está sendo preparada para a produção de novos veículos",
disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido
Inácio da Silva, que recebeu o comunicado de Zarlenga com apreensão. Ele foi
convocado para uma reunião com a direção da GM na próxima semana.
Silva
afirmou que, em relação ao trabalhadores, já houve nos últimos anos muitas
negociações em que abriram
mão de benefícios. "Por exemplo, já criamos uma nova tabela
com salários mais baixos para iniciantes, flexibizamos as regras para
funcionários com doença profissional e aceitamos redução do adicional
noturno", disse o sindicalista. "O que mais querem de nós?".
Na
semana passada, na divulgação do resultado financeiro para a imprensa
americana, Mary Barra anunciou o lançamento de uma nova família global de veículos para
serem produzidos e vendidos na China, México e América do Sul.
Na
ocasião, ela disse que a GM reduziu sua rentabilidade em 40% na América do Sul,
mas ressaltou que "com a Chevrolet como líder de mercado, a companhia está
bem posicionada para melhorar no atual ambiente macroeconômico". (Estadão)
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