Iniciada em 2007, a obra foi orçada, a princípio, em R$
4,8 bi. Hoje, tem previsão de R$ 10,7 bi e custo final estimado em R$ 20 bi
FOTO: ANTONIO RODRIGUES
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A
queda contínua de volume das reservas hídricas dos médios e grandes açudes no
Ceará, desde 2012, aumenta a dependência pelas águas da transposição do Rio São
Francisco. Qual o melhor caminho para o recurso hídrico chegar ao Castanhão,
beneficiar cidades e outros açudes no interior?
O
governo do Estado optou, de forma emergencial, pelo uso do Cinturão das Águas a
partir da barragem de Jati, no Sul do Ceará. A água percorrerá até o Riacho
Seco, em Missão Velha, e daí será transferida para o leito natural do Rio
Salgado, chegando a Lavras da Mangabeira, Icó, depois segue trecho do Rio Jaguaribe
até a bacia do Açude Castanhão.
Outra
ideia vem de um professor de Geografia, aposentado, da rede estadual de ensino,
Herli Barros. O docente sugere a inclusão de uma comporta no limite dos
municípios de Santa Helena, na Paraíba, com Umari, no Ceará.
De
acordo com Herli Barros, são cerca de 5 km do canal que deverá levar água para
o Rio Grande do Norte até a cota superior do Açude Jenipapeiro entre Ipaumirim
e Umari. "A água drenada da abertura da comporta segue até o açude por um
riacho afluente, por gravidade, em um trecho pequeno", explicou. "O
sangradouro do açude está cerca de 8 km do Rio Salgado, é um trecho
curto", acrescentou.
O
açude Jenipapeiro II foi construído para beneficiar os municípios de Umari,
Baixio e Ipaumirim. O reservatório acumula 6,18%, após receber recarga recente
das chuvas de dezembro último, segundo informações do Portal Hidrológico da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). As três cidades dependem do
reservatório e de distribuição de água por meio de caminhões-pipa para
abastecimento dos moradores.
O
professor Herli Barros enviou ao titular da Secretaria de Recursos Hídricos
(SRH), Francisco Teixeira, a sugestão de inclusão de uma comporta no canal em
Santa Helena, na Paraíba, a apenas 5 km de distância da cota superior da
represa do açude Jenipapeiro II. "Quando o açude sangrar, a água vai
escorrer por afluente natural e segue por gravidade até o leito do Rio Salgado,
percorrendo uma distância de apenas 8 km", frisou o professor.
Para
ele, há várias vantagens para a instalação da comporta: menor custo, trecho da
percurso reduzido, pouca perda de água, além do benefício de manter um açude
público cheio, abastecer três cidades (Baixio, Umari e Ipaumirim) e perenizar
áreas agricultáveis. Por último, Herli diz acreditar que a ideia de instalação
da comporta não foi pensada anteriormente porque na época de elaboração do
projeto de transposição não havia sido construído o Açude Jenipapeiro II.
Em
resposta ao professor, por e-mail, o secretário Francisco Teixeira frisou que,
uma vez construído o trecho de canal, denominado Ramal do Apodi, que vai
transferir água para parte da Paraíba e para o Rio Grande do Norte, "a
sugestão do professor Herli Barros poderá ser, plenamente, acatada",
observou Teixeira.
O
secretário ressaltou, no entanto, que o Eixo Norte do Projeto São Francisco
finaliza seu percurso cerca de 60 km antes do ponto onde o professor apresenta
a sugestão de introduzir uma comporta, que seria mais exatamente no município
de São José de Piranhas.
"A
partir deste ponto, nasce o Ramal do Apodi (ainda não licitado) que conduzirá
por 30 km as vazões para o Ceará e o Rio Grande do Norte. No km 30 deste canal,
nasce o Ramal do Salgado que, através dos municípios de Ipaumirim e Lavras da
Mangabeira, conduzirá a vazão para o Rio Salgado e, em seguida, para o
Castanhão".
O
titular da SRH concluiu avaliando que a ideia do professor Barros poderá ser
uma solução alternativa para a condução da água transposta ao Rio Salgado, mas
somente após a construção dos primeiros 60 km do Ramal do Apodi.
Havia
uma expectativa de conclusão da obra no fim do ano passado, porém mais uma vez
o sonho de ver a água do Velho Chico chegar ao Ceará foi adiado. Com
perspectiva de chuvas abaixo da média, Teixeira lembrou que a obra de
transferência de água do São Francisco será a única forma de garantir o
abastecimento para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). (Diário do Nordeste)
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