Ponto turístico de Juazeiro do Norte, a Colina do Horto
receberá
o teleférico orçado em R$ 77,3 mi. FOTO: KIKO SILVA
|
Aguardado
há muitos anos, o projeto do teleférico que levará os visitantes à Colina do
Horto, onde fica a estátua do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, está mais
perto de sair do papel. Na semana passada, o Governo do Ceará abriu licitação
internacional para sua construção. A empresa ou consórcio vencedor será
conhecido no próximo dia 12 de fevereiro. Orçada em R$ 77,3 milhões, a obra
será paga pelo Estado e pela União.
Apesar
da expectativa, o equipamento tem dividido a população do Município. "Vai
aumentar o fluxo mais ainda. Deve melhorar para todo mundo aqui. Se sair (do
papel)", adverte o fotógrafo Raimundo Pedro da Silva, que trabalha na
Colina do Horto.
Seu
colega, Cícero do Nascimento, reforça que será bom para o turismo, contudo,
acredita que os moradores do bairro Horto preferem que o dinheiro seja
investido em outros setores. "A saúde está precisando. Nos postos estão
faltando médicos. Era pra ter pensado na saúde, depois nesse projeto",
completa.
Já
a comerciante Maria das Dores Gomes, que trabalha há 31 anos aos pés da estátua
do "Padrinho", avalia que aumentará a acessibilidade e, assim, o
número de visitantes. "As pessoas idosas reclamam muito. Sobem aqui
cansadas", pontua. Enquanto isso, a professora Marlene Menezes, que visita
Juazeiro do Norte, está ansiosa para utilizar o bondinho. "Quero ficar bem
velhinha e vindo no teleférico. Aqui tem acessos difíceis. É muito bom que o
Governo tenha muito carinho por esse projeto e que respeite o Padre Cícero
tanto quanto ele é amado e respeitado por todo nós que conhecemos a história
dele".
Se
por um lado, a população está otimista com o projeto, para, pelo menos, quatro
famílias, a obra é motivo de preocupação.
Desapropriações
Aos
pés da estátua do Padre Cícero, quatro imóveis serão desapropriados para a
passagem do teleférico. "A gente não sabe se será bem indenizado",
lamenta uma das moradoras atingidas que não quis se identificar. Além de ser
sua moradia, a casa é um sustento, já que aproveita a proximidade do ponto
turístico para comercializar roupas e lembranças de Juazeiro do Norte.
"Nossa casa é nosso ganha-pão", completa. Não sei se vão valorizar
nossa casa. Nossa vida. A gente não sabe do que vai viver", suplica.
O
comércio na porta de casa e a agricultura são os únicos sustentos de sua
família. O imóvel foi construído do seu próprio suor, depois de vender seu
antigo terreno. Foram cinco anos pagando empréstimo para quitar o material da
obra. "Aqui era um buraco. Gastamos 29 carradas de areia só no
aterro", descreve. Além dela, outros moradores da Avenida Padre Jezu Flor
estão confusos se seus imóveis também serão afetados. "Ninguém nos disse
nada", conta um deles, que também preferiu não se identificar.
Projeto
O
teleférico terá capacidade para transportar mil passageiros por hora, ligando o
Centro Multiuso ao Horto. A partir da ordem de serviço, a obra deve ser
entregue em até três anos. (Diário
do Nordeste)
Postar um comentário