O debate em torno do corte ou redução de velocidade de internet banda larga fixa ganhou mais um novo episódio. No último mês, a Claro S.A. (empresa que controla a Claro, Net e Embratel) se reuniu com representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para pressionar o órgão a autorizar um limite no consumo de internet fixa, no mesmo modelo das conexões móveis.

Segundo Diogo Moyses, líder do Programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), as operadoras de telefonia já tentaram emplacar esse modelo de negócios há alguns anos. "Os consumidores se mobilizaram de uma forma muito intensa em torno desse tema. Houve uma percepção geral na sociedade que essa mudança tornaria a internet fixa muito semelhante ao modelo que nós temos na internet móvel".

Moyses afirma que esse novo modelo altera a forma como o consumidor encara a relação com o uso de dados, como ocorre com a internet móvel, limitada e irrestrita. "Isso seria transposto para a internet fixa e alteraria de forma central e limitaria a experiência do usuário com a internet. Isso interferiria no direito à informação, em questões ligadas à educação e ao desenvolvimento pessoal e na forma de lazer das famílias".

O representante do Idec também diz que hoje na internet móvel quem mais sofre com a limitação de dados e as franquias são os consumidores de menor poder aquisitivo. "Isso certamente aconteceria na internet fixa. Os consumidores de menor poder aquisitivo seriam os mais afetados e teriam seu direito de acesso extremamente limitado. De forma mais ampla, embora isso seja um golpe contra o consumidor, especialmente contra o consumidor de baixa renda, acaba impactando no conjunto da sociedade. Se o conjunto não tem acesso à internet ampla, livre e irrestrita a gente pode dizer que a própria sociedade vai perder meios e formas de se comunicar, trocar informações, inclusive aos próprios consumidores de exercer a sua liberdade de expressão", acrescenta.

De acordo com ele, nas últimas eleições para presidente, no ano passado, houve o fenômeno da desinformação. "Na telefonia móvel boa parte dos consumidores, que tem plano com limite de dados, ao receber uma notícia pelo WhatsApp, não tinha condições de fazer uma checagem das informações porque eles não tinham como acessar a internet. Eles estavam naquele momento limitados ao uso do WhatsApp e ao uso das redes sociais que entram nos planos de zero rating (sem consumo da internet)", explica.     (Diário do Nordeste)

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