"Não tenho medo (da Reforma) porque não sei se chego aos anos necessários para se aposentar", declara apático. FOTO: Normando Sóracles
Trabalhando de sol à sol, o agricultor cratense Luiz de Sousa, 45, diz não ter esperanças de conquistar a aposentadoria. Ele roçava um terreno arrendado no alto da Chapada do Araripe, nos limites de Crato, quando foi contactado pela reportagem.

"Não tenho medo (da Reforma) porque não sei se chego aos anos necessários para se aposentar", declara apático. O couro é grosso e a mão é calejada da enxada e da roça. Braços fortes, mas "espinhaço" dolorido do exigente trabalho manual.

Na reforma, o governo propôs idade mínima de 60 anos para homens e mulheres na aposentadoria rural. Pela regra em vigor, a idade mínima para homens é de 60 e para mulheres, de 55.

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Crato, Celiane David Bispo, a proposta de reforma é "grande crueldade com todos os trabalhadores, mas em especial aos agricultores".

"Nossa carência hoje é de 15 anos com comprovação de trabalho rural. A Reforma quer aumentar para 20 anos, com contribuição de R$ 600 por ano. Como os trabalhadores vão conseguir comprovar isto e ter essa renda com  chuvas abaixo da média e a perda de produção?", questiona Celiane.

Em nota a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Ceará considera que a PEC "praticamente inviabiliza o acesso da maioria dos agricultores e agricultoras familiares cearenses a aposentadoria, pois desenvolvem uma agricultura de subsistência, não produzindo excedente para comercialização". (Site Miséria)

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