Mãe de dois filho e dona de uma voz calma, Samara Alves, a Cabo Samara, de 39 anos, está há dez na Polícia Militar do Ceará, e desde 2015 integra o Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) da cidade de Barbalha. A brandeza da voz e postura ela garante que é só enquanto não está fardada.

Samara conta que já fazia segurança patrimonial antes de entrar para a polícia, mas que o serviço na PM é bem diferente. “Você promete dar sua vida pela sociedade”, diz ela ao falar de um dos momentos mais difíceis da profissão, quando uma bala passou a um palmo da sua cabeça. “O momento que você se pergunta até onde vale a pena é quando você vê um colega morto”, conta ao lembrar de vários nomes de amigos que perdeu durante esses anos na polícia. Apesar dos pesos da profissão, ao ser perguntada se já pensou em desistir, a resposta é firme e rápida, “nunca”. A Cabo afirma que ama o que faz.

Cabo Samara iniciou sua carreira na Polícia Militar como Ronda do Quarteirão, e lembra que nesse período viveu alguns momentos difíceis, como pessoas que reagiram contra ela nas abordagens, “pensam que somos mais fracas”. Até assédio fardada a Cabo já enfrentou, mas afirma que não se abala. “Eu não reajo, a não ser que venham diretamente a mim”.  A policial diz que reage muito mais para defender outras pessoas e principalmente outras mulheres em casos de assédio, “é mesmo que ser comigo ou com minha filha”.

Ela conta na época do Ronda atendia a muitos casos de violência doméstica, e que quando os agressores se deparavam com uma mulher policial mudavam de atitude no mesmo momento. “Chega ficavam quietinhos”.

Apesar de ser a única mulher no batalhão ela se sente respeitada diante dos colegas. Já diante das pessoas que aborda em serviço sempre encontra reações de surpresa, “nunca se acostumam [com uma mulher no Raio]”.

“Até hoje não acredito que tenha dado certo fazer o curso do Raio, porque até então não tinham mulheres”, diz ela sobre as dificuldades dentro da profissão e completa, “se você quer você consegue”. Com todo esse pioneirismo e garra Samara tem consciência de que é um exemplo para muitas garotas. “Eu estou inspirando essas meninas para algo bom”, fala cheia de orgulho, “acredito muito na força da mulher”.   (Site Badalo)

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