FOTO: Rodrigo Siebra
Disputa acirrada pelo Bloco Nordeste (composto pelos aeroportos do Recife-PE, Juazeiro do Norte-CE, Aracaju-SE, Maceió-AL, João Pessoa e Campina Grande-ambos PB), que marcou a 5ª rodada de concessão de terminais, promete se estender pelos próximos 30 anos - período em que a concessionária deve administrar os aeroportos.

A grande vencedora do certame que ocorreu na Bolsa de Valores, em São Paulo, foi a espanhola Aena. A empresa desembolsou R$ 1,9 bilhão pelos seis aeroportos nordestinos e indica vir para acirrar a disputa deste mercado na Região, principalmente, com a alemã Fraport, administradora do Aeroporto de Fortaleza.

Juan José Álvarez, diretor da Aena, não mediu palavras ao falar desta competição, reforçando a relevância do terminal pernambucano para o setor no Nordeste. "Recife é o segundo ponto no Brasil mais próximo da Europa. É uma oportunidade muito grande para nós. Fortaleza terá que competir conosco", declarou.

O Aeroporto Internacional do Recife é um dos mais importantes do Nordeste e um dos maiores concorrentes diretos de Fortaleza. Os dois terminais disputam a atração de novas rotas internacionais e são os únicos da região que possuem hubs (Azul em Recife e Gol em Fortaleza).

Fraport fora da disputa
A alemã Fraport bem que tentou entrar na disputa pelo Bloco Nordeste, mas logo na abertura das propostas ficou de fora, porque não ofereceu um dos três valores mais altos de outorga para os aeroportos. A vice-presidente executiva da empresa, Aletta von Massenbach, esteve no leilão e ficou surpresa com os altos valores ofertados para o bloco.

"É impressionante como vocês conseguiram atrair ofertas tão altas. Parabéns para o Brasil. Eu fiquei surpresa", resumiu. A Fraport ofereceu pouco mais de R$ 850 milhões para o bloco Nordeste, R$ 1 bilhão a menos que sua principal concorrente, a Aena, que arrematou os terminais.

Participaram ainda da disputa a Zurich, que até os últimos 15 minutos cobriu a oferta da Aena, mas perdeu no final; o consórcio Nordeste, liderado pela alemã AviAlliance; a CPC; e a francesa Vinci, que administra o Aeroporto de Salvador.

Planos para Juazeiro
Segundo o diretor da Aena, o objetivo para o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes é incrementar o tráfego de passageiros e captar novas rotas e companhias para operar no Cariri. "Nós queremos incrementar as rotas em Juazeiro do Norte e incrementar o tráfego de passageiros. Já temos inclusive planos para isso, mas é cedo para falar".

O governador Camilo Santana esteve no leilão e afirmou que a concessão do terminal de Juazeiro do Norte vai possibilitar desenvolver a aviação regional do Ceará. "Primeiro, que o Aeroporto de Juazeiro é muito estratégico, porque fica no centro do Nordeste. É uma espécie de hub regional já utilizado para as pessoas nas divisas do Ceará. É um aeroporto que tem um potencial muito grande e que precisa de investimentos", destacou.

É exatamente esse um dos propósitos da espanhola Aena: desenvolver o turismo em seus mais diversos segmentos e aproveitar as oportunidades de negócios do Nordeste. "Este bloco é para a gente um ativo muito importante. Na Espanha, 60% dos nossos aeroportos são turísticos e que coincide realmente com esse bloco. Existem dois pontos econômicos importantes disso. Um é o desenvolvimento do turismo de uma parte deles no caso Recife, Maceió e João Pessoa, que possuem um grande potencial turístico. E esperamos a ajuda do Governo para o desenvolvimento nesse aspecto", afirmou Álvarez.

Mais detalhes sobre o leilão
Disputa
A Zurich Airport e o Consórcio Região Nordeste, da alemã AviAlliance, disputaram por 17 rodadas a 2ª posição no bloco, já que os lances eram sempre menores que o da Aena. Num saguão lotado de advogados, especialistas e empresários, a estratégia virou alvo de teses. 

Tempo
Alguns acreditavam que os grupos estavam ganhando tempo para refazer suas contas; outros afirmavam que as empresas podiam estar apostando numa desclassificação da Aena. No fim, a Zurich elevou em R$ 1 milhão a oferta acima da feita pela Aena, mas a espanhola contra-atacou com R$ 1,9 bi e fechou o leilão.

Recursos
De acordo com o diretor da Aena Internacional, Juan Jose Álvarez, o grupo utilizará recursos próprios para realizar os investimentos no bloco. Além do R$ 1,9 bilhão de contribuição inicial, a ser paga na assinatura do contrato, a Aena deverá desembolsar R$ 788 milhões em obras de melhorias em cinco anos.

Comemoração
O presidente Jair Bolsonaro comemorou, em seus perfil no Twitter, o resultado do leilão dos 12 aeroportos, que arrecadou R$ 2,37 bilhões, um ágio médio de 986% em relação à pedida inicial. Segundo o presidente, os números demonstram a confiança do mundo no Brasil.

Surpresa
Para Paulo Dantas, sócio do escritório Castro Barros Advogados (CBA), o resultado foi “total surpresa”. “Sabemos que as empresas internacionais não gastam dinheiro à toa, por isso entraram com lances tão impressionantes. Talvez o valor de início seja baixo, apesar do resultado”.     (Diário do Nordeste)

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