O empresário Mariano Marcondes Ferraz, condenado pelo juiz Sérgio Moro a 10 anos de prisão, na tentativa de fechar acordo de colaboração premiada com o Ministério Público disse que pagou propina ao ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE) em troca de obter mais contratos na Petrobras. De acordo com Ferraz, os pagamentos ao político eram feitos em uma conta no exterior do próprio cunhado do empresário, mas o beneficiário final seria o ex-congressista.
O
ex-parlamentar refutou as denúncias. “Eunício Oliveira nega, veementemente,
qualquer envolvimento com os relatos de 2002 feitos pelo delator, assim como
tomará todas as medidas judiciais cabíveis”, disse a assessoria de imprensa do
ex-senador, em nota.
Nos
depoimentos ao Ministério Público, Ferraz disse que, por volta de 2002 e 2003,
sugeriu a Eunício indicar dois funcionários para o grupo da Petrobras. Leonardo
Goldenberg e Otávio Cintra. A sugestão foi feita a pedido do então cunhado,
Antônio Venâncio Silva Júnior. Os dois acabaram nomeados para cargos na BR
Distribuidora.
Os
negócios de uma das empresas de Ferraz, Fonte Negócios começaram a melhorar a
partir daí. “Os referidos funcionários [Gondelberg e Cintra] beneficiavam a
Fonte Negócios, nos processos de compra de produtos pela Petrobras, acarretando
o aumento do volume de vendas”, narra a procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, no documento interno do Ministério Público número 8-/2019-GTLJ/PGR. As
propinas eram pagas com esse dinheiro.
Um
dos meios de distribuir o dinheiro da corrupção era, segundo Ferraz, mandar
dinheiro ao exterior para Eunício. Ele usava uma conta no banco UBS, na Suíça,
cujo titular era o próprio cunhado, Antônio Venâncio. Mas o “beneficiário final
seria o então deputado federal Eunício Oliveira”, narra Dodge no documento. O
empresário entregou o número da conta aos procuradores.
Outra
forma de repassar dinheiro seriam saques em espécie na agência Belletour, no
Rio de Janeiro, com a ajuda de um doleiro chamado Wander. Os valores eram
entregues a “agentes públicos” depois, segundo Dodge. A terceira forma de pagar
propina era usar contas no exterior em nome de Goldenberg e Cintra. (UOL)
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