FOTO: CCBNB
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Um
dos poucos produtores de ladrilhos hidráulicos do Ceará, Jaime Arnaldo
Rodrigues, o Seu Jaime, de 76 anos, verá sua fábrica, instalada no quintal de
sua casa, em Barbalha, se transformar em um museu. Através do projeto Museus Orgânicos dos
Mestres de Cultura Tradicional do Cariri, idealizado pela Fundação Casa Grande
e realizado pelo Sesc Ceará, a residência do artesão será um dos 16 espaços
contemplados.
A
informação foi confirmada pelo idealizador do projeto, Alemberg Quindins, um
dos criadores da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda. Porém, ainda não há data
para sua inauguração. “Retorno ao Cariri em abril e vamos avaliar isso”,
antecipa. Este será o primeiro museu orgânico em Barbalha.
A
ideia é tornar a casa de Jaime um espaço de visitação, valorizando seu
cotidiano. “Já é uma
coisa natural vir ao Cariri para conhecer a cultura popular”,
afirma Alemberg. Nestes espaços, os visitantes tem contato com o mestre da
cultura, sua família e sua memória. Na sua residência, será
desenvolvido um acervo vivo, onde é possível interagir e conhecer um
pouco do seu trabalho.
Trajetória
O
ladrilho hidráulico é um tipo de revestimento artesanal feito à base de cimento
que era comum ser colocado nos pisos de praças e casas. Diferentemente da telha
e do tijolo que são levados ao forno, a peça, depois de preparada, descansa por
oito horas imerso em água. Um trabalho manual cansativo.
Este
ofício, Jaime carrega desde os 17 anos quando começou na pequena fábrica de
mosaicos que pertenceu ao senhor João Gonçalves, que ficava na Rua do Vidéo, em
Barbalha. Após duas décadas como funcionário, o artesão viu o empreendimento
falir.
Porém,
Jaime seguiu trabalhando por causa de uma crescente procura por ladrilhos
hidráulicos que seguiam uma nova tendência: a utilização de cores. Com ela,
conseguiu comprar terreno, prensas e montar sua própria fábrica. Suas peças
estão presentes no chão de várias cidades do Cariri e em outros estados como
Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte. Mantendo o ofício mesmo depois de
aposentado, recebeu o título de Mestre da Cultura Cearense em 2017.
Museus
orgânicos do Cariri
O projeto surgiu em Nova Olinda,
através da Fundação Casa Grande, responsável por
duas experiências no Município: o Museu do Ciclo do Couro: Memorial
Espedito Seleiro e o Museu Casa Antônio Jeremias. Os dois espaços movimentaram
ainda mais a quantidade de visitantes na cidade, integrando um
roteiro turístico local.
Com o sucesso, a proposta foi
apresentada ao Sesc que topou ampliar, instalado mais 16 novos museus, com
investimento de R$ 160 mil. Em setembro do ano passado, foi inaugurado o
primeiro deles: o Museu Orgânico Casa do Mestre Antônio Luiz, em Potengi, que
homenageia o líder do reisado dos Caretas de Couro, no Sítio Sassaré. Já o
segundo, foi aberto no mesmo município, em novembro, na oficina de Francisco
Dias, o Mestre Françuli, que fabrica aviões com folhas de flandre e zinco.
O
próximo museu a ser inaugurado será o de Francisco Gomes Novaes, o Mestre Nena,
líder do grupo Bacamarteiros da Paz, de Juazeiro do Norte. Apesar de não ser
titulado pela Secretaria de Cultura de Estado, ele já tem mais de 50 anos
dedicados à cultura. Sua casa fica no bairro João Cabral. (Blog Diário Cariri)
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