FOTO: ALAN MARCEL BRAGA |
Os
animais encontraram um lugar seguro, com água à vontade e bastante alimento
para ficar nesta temporada. Observador de aves, Alan Marcel Braga foi quem
primeiro descobriu a presença do tapicuru. Ele é servidor público estadual da
Secretaria de Ciências e Tecnologias, mas mantém o hobby de fotografar e
observar os animais.
"Aqui
em Iguatu, têm muitas aves migratórias que vêm de determinadas regiões do Sul,
do Pantanal e até do Hemisfério Norte, dos Estados Unidos, Canadá e
Alasca", contou Marcel Braga. "Vi o tapicuru em junho do ano passado
e esse pássaro nunca fora observado ou catalogado antes no Ceará".
Seis
meses depois, o tapicuru se adaptou. Recolhe galhos, já faz ninhos e busca se
reproduzir. "Essa ave já deve ter vindo antes, mas ninguém nunca teve esse
olhar de enxergá-lo", disse o servidor público. "Já observei sete
indivíduos, mas deve ter uns 15, e elas vêm aqui para as lagoas em busca de
alimentação, na beira d'água, e fazem a reprodução. Quando estão prontos, fazem
a migração de retorno e vão para o Sul".
Espécie
O
tapicuru é uma ave ibis, que tem bico grande e torto, apresenta plumagem preta
e amarelada e faz grandes voos. "Já cheguei a acompanhar uma com 50 km por
hora", afirmou Marcel. "A ave no Sul é conhecida por maçarico preto e
maçarico de cara pelada, mas como está habitando aqui também devemos colocar um
nome regional", avalia o observador, ao sugerir. "Tapicuru de Iguatu
seria um bom nome".
O
pesquisador acha que o tapicuru está se adaptando bem à região de vastas lagoas
- um ambiente propício. A presença das aves, misturada ao verde da vegetação
nativa, forma um cenário perfeito para observar esses animais. E os pássaros
estão em toda parte: em cima da estaca, em árvores e também no céu. Dezenas
fazem voos panorâmicos e rasantes sobre a região.
Quadra
chuvosa
O
período de chuva favorece a migração das aves que são atraídas por águas novas,
dentre elas, o servidor público já fotografou nas lagoas de Iguatu, a
biguatinga (oriunda do Pantanal/Sul), a garça moura (Sul), tuiuiú (Pantanal) e
as aves limícolas (que habitam áreas de lodo e lama) que vêm do litoral para o
continente.
O
pesquisador tem em sua estatística particular a observação de 221 espécies. Em
Iguatu, já relacionou 186, colocando o Município em 13º no ranking no Ceará.
"Tudo é registrado e catalogado", explicou o observador de aves. A
presença delas no entorno da cidade de Iguatu atrai observadores, professores e
acadêmicos do curso de Biologia da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de
Iguatu (Fecli), unidade de ensino da Universidade Estadual do Ceará (Uece), que
realizam oficinas de observação. (Diário do Nordeste)
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