FOTO: Hermann Rabelo |
O
volume do Rio Jaguaribe aumentou nas margens da velha Jaguaribara, enchendo de
alegria os agricultores e piscicultores. A antiga passagem molhada está
encoberta e a travessia é feita por barcos pelos moradores ribeirinhos.
O
Açude Castanhão acumula 4,2%, de acordo com dados do Portal Hidrológico da
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh). O reservatório
precisa “renascer” para que as atividades agropecuárias que dependem dele –
agricultura e piscicultura – possam ser retomadas, e as famílias tenham
trabalho e renda no campo. A maior e mais importante reserva hídrica do Estado
é fundamental para o abastecimento humano do Médio e Baixo Jaguaribe e da
Região Metropolitana de Fortaleza. “Isso aqui é uma riqueza para nós”, disse o
criador de bovinos, Ediano Brito. “Há poucos dias estava tudo seco e o nosso
medo era que o gado passasse sede”.
O
Rio Salgado, que recebe as águas do Sul do Ceará, desemboca no Rio Jaguaribe,
após a cidade de Icó. O recurso hídrico segue em direção à localidade de Mapuá
e depois à cidade de Jaguaribe, onde há a barragem de Sant’Ana, com balneário.
Em seguida passa às margens da antiga cidade de Jaguaribara, que foi encoberta
pelas águas do Castanhão, pela primeira vez, em janeiro de 2004.
Na manhã desta sexta-feira, Maria do Carmo Marques e seu neto foram visitar as ruínas da velha Jaguaribara e ver o espetáculo da força da água escorrendo entre rochedos e as barreiras do Rio Jaguaribe. “É a primeira cheia deste ano e sempre que o rio tem água tudo fica muito bonito”, disse. “O plantio e a alimentação para o gado vão crescer”.
Moradora
da cidade velha, Maria do Carmo compara com saudade: “Era uma cidade pequena e
rica, não faltava nada, tinha tudo, as pessoas se conheciam. A nova Jaguaribara
não tem emprego, não tem como plantar nada”, lamenta.
A
professora do ensino fundamental, Edenúbia Bezerra da Silva, disse que estudou
por dois anos na antiga Jaguaribara. “Tenho saudade das festas, dos colegas”,
frisou. Os moradores lamentam a liberação de água para outras regiões. “O açude
seca, fica ruim para nós, para os agricultores e pescadores”, disse o produtor
rural, Elenízio Diógenes.
Pelo
menos nos próximos cinco dias, o Castanhão deve continuar recebendo as águas da
região do Cariri. No início do mês de março, passado, o reservatório acumulava
3, 48% e a partir desta data a reserva hídrica começou a subir devido às chuvas
na bacia. Em 15 de março chegou a 3,58% e ontem chegou a 4,19%.
O
clima é de alegria entre os agricultores e criadores de animais, mas de cautela
entre os piscicultores. Para a retomada de parte dos projetos de criação de
tilápia, o reservatório precisa atingir pelo menos 15%. “O nosso temor era de
que não houvesse nenhuma recarga neste ano”, disse a secretária de Desenvolvimento,
Aquicultura, Pesca e Turismo de Jaguaribara, Lívia Barreto. (Diário do Nordeste)
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