Cinco meses após o fim do acordo de cooperação com Cuba, o programa Mais Médicos ainda está com dificuldades de garantir a permanência de profissionais nos municípios brasileiros. Nos últimos três meses, mais de mil médicos (1.052) desistiram das vagas de substituição em todo o País. No Ceará, são 56. Por aqui, a desistência afetou 39 municípios e representa 12,6% das 443 vagas ofertadas em edital.


As cidades de Iguatu, Tamboril e Santana do Acaraú foram as que registraram o maior número de médicos desistentes, três em cada. De acordo com Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), há diálogo com o Ministério da Saúde na tentativa de resolver a situação, no entanto, não há soluções práticas apresentadas pela pasta.

"Estamos vendo com muita preocupação esta situação. Em reunião com representantes, foi colocado que seria criada uma Secretaria da Atenção Básica, que o programa mudaria de nome, mas alguma informação concreta com prazos e com datas, isso não aconteceu. O que estamos vendo é a desistência de médicos do edital de substituição e isso é muito complicado do ponto de vista da assistência", explica.

Conforme a presidente do Cosems-CE, os motivos alegados para desistência são diversos, desde reclamação do cumprimento de carga horária até saída para realização das residências médicas.

Além de divulgar o número de desistências por município, o Ministério da Saúde também divulgou nota informando que as 8.517 vagas do atual edital do Mais Médicos, abertas após o fim da cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), foram preenchidas por médicos brasileiros — entre com CRM no Brasil e graduados no exterior.

"Destes, até o início de abril, 1.052 profissionais com CRM no Brasil saíram do programa. As vagas poderão ser ofertadas em novas fases do provimento de profissionais ainda em análise pelo Ministério da Saúde. Sobre os 1.397 médicos brasileiros com CRM fora do País, eles finalizaram o módulo de acolhimento na semana passada e iniciaram a atividade na unidade de saúde nesta semana", informa.

Sobre a desistência de profissionais brasileiros, o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Edmar Fernandes, diz que o programa não oferece garantias de estabilidade, o que, segundo ele, justifica a saída desses profissionais. "O médico sabe que em três anos pode sair do programa e, em alguns casos, pode conseguir ficar mais seis anos, mas ele não tem garantias, então o rodízio é muito grande. O que a classe médica sempre pediu é que fosse uma carreira médica de Estado, e dessa forma o profissional poderia interagir com a população, crescer e a população sempre ter esses médicos como referência, principalmente os rincões", defende. (O Povo)

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