Na próxima quarta (10), o Governo Jair Bolsonaro completa 100 dias, tentando alavancar sua taxa de aprovação com uma série de medidas de apelo popular. Nesta sexta, o presidente já anunciou mais uma: o fim do Horário de Verão neste ano.
"Após
estudos técnicos que apontam para a eliminação dos benefícios por conta de
fatores como iluminação mais eficiente, evolução das posses, aumento do consumo
de energia e mudança de hábitos da população, decidimos que não haverá Horário
de Verão na temporada 2019/2020", tuitou Bolsonaro.
A
decisão se soma a outras iniciativas do Governo que impulsionam sua
popularidade.
No
dia 9 de fevereiro, Bolsonaro divulgou, nas redes sociais, iniciativas para o
trânsito, como a ampliação da validade da carteira nacional de habilitação
(CNH) e fim da obrigatoriedade de aulas em autoescolas com simuladores.
No
dia 7 de março, o presidente anunciou, em uma transmissão ao vivo realizada no
Facebook, que vai acabar com as lombadas eletrônicas no País, depois de
criticar a "indústria das multas".
Na
próxima semana, ele vai anunciar o 13º benefício do programa Bolsa Família,
criado durante o Governo Lula.
Essas
medidas agitam as redes sociais e grupos de mensagens instantâneas em meio a um
noticiário político negativo para a imagem do Governo, como as divergências no
Congresso sobre a proposta de reforma da Previdência e as declarações polêmicas
do presidente e de seus filhos.
No
dia 20 de março, o Ibope divulgou que a aprovação do Governo caiu 15 pontos em
três meses e atingiu 34%.
Para
o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de
São Paulo, Rodrigo Gallo, os 100 primeiros dias do mandato mostram "uma
única meta clara": a aprovação da reforma da Previdência no Congresso.
"Por
que anunciar medidas populares? Porque é uma forma de você criar uma cortina de
fumaça para, de algum modo, mascarar que o Governo não tem conseguido
apresentar nenhum projeto", analisa Gallo, lembrando as dificuldades do
Palácio de Planalto de dialogar com o Parlamento.
"Passados
100 dias, não vemos ainda projetos para áreas como Saúde, Educação e Segurança
Pública. O Governo se mostra confuso e incapaz de atender às expectativas que
ele próprio criou na população", observa o professor.
Problemas
e conflitos na Esplanada dos Ministérios também amplificam uma onda negativa
contra o Governo.
Vélez
Ontem,
Bolsonaro sinalizou que, na próxima segunda, poderá demitir o titular do
Ministério da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, envolvido em disputas entre
grupos de poder dentro da Pasta. "Está bastante claro que não está dando
certo. Ele é bacana e honesto, mas está faltando gestão, que é coisa
importantíssima", disse Bolsonaro a jornalistas.
Desde
que voltou de Israel, Bolsonaro tem intensificado reuniões com dirigentes
partidários, a fim de compor um arco de alianças. "No presidencialismo de
coalizão, ou você forma uma maioria ou você não governa", lembra Gallo.
Laranjas
Além
do comando do MEC, outro foco de desgaste é a situação do ministro do Turismo,
Marcelo Álvaro Antônio, envolvido em um esquema de candidaturas laranjas do
PSL.
Ontem,
Bolsonaro indicou que qualquer medida, como a saída do ministro, só será tomada
após a conclusão do inquérito da Polícia Federal.
Defesa
As
críticas aos tropeços do Governo são minimizadas pelos seus apoiadores.
"Bolsonaro é mais que um herói, é um mártir. Tentaram matá-lo, protegem os
mandantes do crime, cobrem-no de insultos mentirosos, cercam-no de intrigas dia
e noite e nem nos companheiros de farda ele pode confiar, e ele continua
trabalhando conscienciosamente, fazendo o melhor que pode, sem nunca se
queixar, sem nunca reclamar", postou o escritor Olavo de Carvalho, nesta
sexta.
O
presidente fez, nesta sexta, uma autocrítica durante evento no Palácio do
Planalto.
"Desculpem
as caneladas, não nasci para ser presidente, nasci para ser militar. Mas, no
momento, estou nesta condição de presidente e, junto com vocês, nós podemos
mudar o destino do Brasil. Sozinho não vou chegar a lugar nenhum", admitiu
Bolsonaro. (Diário do Nordeste)
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