Em
audiência no Plenário da Câmara, o ministro da Educação, Abraham
Weintraub, irritou,
nesta quarta-feira (15), deputados da oposição por negar os cortes no
orçamento das universidades e institutos federais, um dos motivos das diversas manifestações de ruaorganizadas
por grupos de estudantes e professores, sindicalistas e partidos de oposição em
cidades das 27 unidades da federação. Para o titular do MEC, o que houve foi um
"contingenciamento", ou seja, as verbas estão em tese previstas no
orçamento da Pasta, mas não podem ser liberadas imediatamente para uso.
O
titular do MEC garantiu que o bloqueio de recursos se deve a restrições orçamentárias impostas a
toda a administração pública federal em função da atual
crise financeira e da baixa arrecadação dos cofres públicos. Durante a fala de
Weintraub, alguns parlamentares pediram sua demissão do cargo, a exemplo dos
protestos nas ruas. Ele ressaltou que o bloqueio de recursos do Ministério
atinge apenas 3,5% dos orçamentos das universidades. Disse ainda que não foi
responsável pela medida, determinada pelo Ministério da Economia.
Weintraub
declarou que está
disposto a conversar com os parlamentares de qualquer
legenda sobre o contingenciamento de gastos. “A gente abre as planilhas, mostra
as contas. A transparência é o principal objetivo dessa gestão.”
O
líder do opositor PT, deputado Paulo Pimenta (RS), chamou o ministro de “covarde” e disse
que ele “disputa o título de pior ministro da Educação”. Pimenta afirmou que
Weintraub se esquivou de falar sobre o tema da convocação: o bloqueio de
recursos em universidades e institutos federais.
“Não falou sobre cortes, não
justificou os critérios e não tem coragem de dizer o que ele e o presidente
Bolsonaro pensam: que a universidade não é lugar do filho da classe
trabalhadora”, declarou o líder. Segundo ele, os governos petistas promoveram a
expansão e a inclusão do ensino superior.
Defesa
Por
sua vez, o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), rebateu as críticas.
“O ministro
tem a coragem de expor o que a esquerda fez no passado, que
destruiu a educação no Brasil”, sustentou. Ele afirmou que os indicadores
brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) caíram
inclusive nos governos Lula e Dilma. Disse ainda que a aprovação das reformas
da Previdência e tributária vão dar condições para se aumentar os investimentos em
educação.
Para
o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), as universidades têm sido utilizadas para “balbúrdia” ao mostrar fotos de festas
com “satanismo”, entre outras denúncias. O deputado Alexandre
Frota (PSL-SP) lembrou que houve cortes no governo Dilma e apontou que a
“esquerda tenta desvirtuar o foco do problema, que é a corrupção dos últimos 13
anos”.
O
líder do PSL, deputado Delegado Waldir (PSL-GO), informou que conversou com o
presidente Bolsonaro, que “teria agradecido aos partidos de centro” pela
convocação do ministro da Educação. Ele criticou ainda as manifestações contra os
bloqueios: “As universidades estão paradas. Estão de folga? É feriado?”.
"Demissão"
Já
a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), disse que o ministro
da Educação apresentou uma
exposição “cínica”. “O argumento para esse desastre não foi
dificuldade financeira, mas foi cortar de três universidades que tinham
balbúrdia. Argumento ideológico de perseguição das instituições”, destacou. Ela
chamou de “fake news” fotos apresentadas por deputados do PSL – as imagens
retratariam, conforme os governistas, festas ocorridas em universidades
públicas – e criticou a vinculação do dinheiro da educação à aprovação da
reforma da Previdência.
Em
resposta a críticas de alguns parlamentares, o ministro lamentou falas dirigidas a ele sobre
questões pessoais. “Sobre a 'bala na cabeça', quem prega não é esse lado aqui”,
disse, referindo-se a comentário atribuído a ele pela líder da Minoria, em
matéria jornalística na qual o ministro teria dito que “comunista merece uma
bala na cabeça”. (Diário do
Nordeste)
Postar um comentário