Na casa, a Polícia encontrou apenas duas panelas, uma com café e outra com leite. Não tinha nem água em casa. FOTO: Isaac Macêdo |
A
família foi resgatada na última sexta-feira (3), após denúncias de familiares e
pessoas que moram próximas à casa — apesar do local ser afastado de outras
residências. Elas estavam há cinco
dias sem comer, de acordo com a mãe das crianças. A mãe da
vítima (avó das crianças) revelou que o relacionamento abusivo já dura em torno de
quatro anos. Luiz da Silva Gomes, 24, foi preso em flagrante.
A
vítima, que terá a identidade preservada, comentou que o companheiro proibia a
filha de três anos de frequentar
a escola. A vacinação da filha mais nova está atrasada
também porque elas raramente saiam de casa — e quando saíam, era para a casa da
mãe de Luiz. "Ele mandava eu fazer as coisas pra ele, me batia, não
deixava eu fazer nada. Eu nem pisava na casa da minha família. Eu falava
que ia botar ela na escola, e ele falou que não era pra ela ir pra escola de
jeito nenhum. Ela está matriculada, meu pai fez a matrícula dela e ele não
deixava ela ir de jeito nenhum. Até as vacinas da menina, da 'novinha' está
atrasada", revela a vítima.
Solidariedade
O
cabo da Polícia
Militar, Roniele Costa, revelou a situação crítica que se
encontravam as vítimas quando a polícia adentrou o ambiente. "É uma
situação triste, não tinha nenhum tempo de alimentação. A Polícia, já na
delegacia, fez
uma cota para a alimentação da criança. Essa criança de um ano
nem leite tinha para beber", comenta o oficial. Na casa, apenas duas
panelas foram encontradas, em uma tinha um pouco de café, e na outra, um resto
de leite. Água não foi encontrada na casa. "A mulher estava muito
debilitada, com os filhos e marcas de agressão. Ela contou que não tinha
nenhuma possibilidade de ajuda. Os pais nem entravam no sítio por medo de
ameaças", disse o PM.
Francisca
Maria de Lima, mãe da vítima, revela que sabia do relacionamento abusivo e das
agressões que a filha passava, mas tinha medo de fazer alguma coisa
porque Luiz é
muito agressivo. Ela relembra os raros momentos que conseguia
entrar na casa. "Eu chegava lá e a menina pequena me pedia 'vovó, me dê
água'. Aí eu ficava 'oxe, cadê a água?'. Aí ela (vítima) dizia 'mainha, não tem
não. Aqui ele não bota água'", revela Francisca, confirmando que até água
faltava na casa.
O
sargento Bento revela como os policiais encontraram a família. "A própria
mãe da vítima foi à delegacia e prestou queixa que a filha dela estava sendo
maltratada, apanhava e passava fome. E nos dirigimos até aqui, nesse sítio, e
encontramos uma situação crítica. Realmente a mulher tinha marcas de agressões,
e estava muito debilitada, com os filhos, sem ter o que comer, chorando muito”, comenta o
policial. (Diário do
Nordeste)
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