FOTO: Reinaldo Reginato |
Ela
explicou que é normal usar sentenças como modelo. Disse que usa decisões de
colegas como base para todas as suas decisões. "A gente sempre faz uma
sentença em cima da outra. E a gente busca a anterior que mais se
aproxima", afirmou. "Nosso sistema tem modelo para que a gente comece
a redigir em cima dele. Eu faço isso em todas as minhas decisões. Raramente
começo a redigir uma sentença do zero porque seria um retrabalho."
A
juíza disse que, no caso do Lula, a sentença mais parecida disponível no
sistema era o do ex-juiz Moro, hoje ministro da Justiça, que condenou o
ex-presidente por corrupção no caso do apartamento tríplex no Guarujá. Por
isso, essa sentença foi usada.
"Usei
o modelo do caso mais próximo, mas a fundamentação da sentença não tem nada da
anterior", declarou.
Na
sentença de Hardt, que trata do caso do sítio, ela chega a usar a palavra
"apartamento". Ela disse que o termo específico estava na sentença de
Moro. Por erro pessoal, o termo não foi alterado na nova condenação. "Eu
fiz em cima e na revisão esqueci de tirar aquela palavra", disse Hardt.
"Fiz a sentença sozinha. Todas as falhas dela são minhas."
Aviso
sobre perícia
A
juíza afirmou que, antes de começar a escrever a sentença do ex-presidente, foi
avisada por amigos que a defesa do ex-presidente Lula teria contratado um
perito para analisar sua decisão. Não esclareceu, entretanto, como teve acesso
a essa informação.
Dias
após a divulgação da sentença, a defesa do ex-presidente divulgou o parecer do
perito Celso Mauro Ribeiro Del Picchia, membro emérito da Associação dos
Peritos Judiciais do Estado de São Paulo e da Associação Brasileira de
Criminalística, que concluía que Hardt havia escrito a decisão " em cima
do texto que o ex-juiz Sergio Moro".
"Há
certeza técnica de que a sentença do sítio foi superposta ao arquivo de texto
da sentença do tríplex, diante das múltiplas e extremamente singulares
'coincidências' terminológicas", informou o documento, que foi encaminhado
ao STF.
Por
conta do laudo, a defesa de Lula apontou que o ex-presidente "não estão
sendo propriamente julgados nas instâncias inferiores; ao contrário, ali estão
sendo apenas formalizadas decisões condenatórias pré-estabelecidas, inclusive
por meio de aproveitamento de sentenças proferidas pelo ex-juiz da Vara,
símbolo do programa punitivo direcionado".
Lula
já afirmou inúmeras vezes que não cometeu crime algum. O ex-presidente está
preso há mais de um, mas ainda recorre em busca de sua absolvição.
Hardt
falou com jornalistas antes de palestrar num evento promovido pela Esmafe-PR
(Escola de Magistratura Federal do Paraná) e a Ajufe (Associação dos Juízes
Federais). Moro foi o primeiro do evento. Em seu discurso, ele elogiou o
trabalho da colega Hardt. (UOL)
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