O
reitor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Ricardo Luiz Lange Ness,
emocionou-se ao comentar o corte
de 30% no orçamento de todas as universidades federais proposto pelo Ministério
da Educação. "Se esses bloqueios de fato se efetivarem e essa
situação não vier a ser revertida, a situação não só da UFCA mas de todas as
universidades do Brasil vai ficar inviável". Ele se emocionou ao comentar
a realização do primeiro aluno cego da instituição: "O papel da
universidade é transformar a realidade, das pequenas realidades dos indivíduos
à realidade da região".
Ricardo
concedeu entrevista a uma rádio de Juazeiro, que também contou com a presença
do vice-reitor e pró-reitor de planejamento, Juscelino Silva, e do pró-reitor
de administração, Silverio Freitas. Os três explicaram como fica a situação
financeira da UFCA após o bloqueio de 30% do orçamento, que foi anunciado pelo
ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo o reitor, a universidade já
tinha emendas parlamentares bloqueadas dentro do orçamento que chegavam a quase
R$ 10 milhões. "Esse bloqueio ocorrido agora no último dia 30 atingiu R$
8,6 milhões, o que corresponde a 29,4%, os 30% anunciados na mídia",
explanou Ricardo.
Somando
os dois valores, do que já foi bloqueado da Lei Orçamentária Anual (LOA) com o
novo bloqueio, 47% do orçamento total da UFCA foi bloqueado, o que equivale a
quase R$ 19 milhões.
"A
única boa notícia é que os recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil
(Pnaes) não foram bloqueados. Assistência estudantil que garante auxílios,
bolsas para o estudantes carentes que caem dentro do critério do Pnaes, que são
aqueles estudantes que vêm de escola pública e possuem renda familiar per capta
abaixo de 1,5 salário mínimo, esses não serão atingidos", considerou. O
reitor afirmou que cerca de 80% dos alunos vêm de perfil de rendaper capta abaixo de R$ 800,
mas nem todos recebem auxílios ou bolsas.
Ricardo
considerou que a situação se tornou crítica com o novo bloqueio. "A gente
vêm desde 2014 convivendo com bloqueios e cortes, mas até agora foram todos
administráveis. A gente conseguiu, de fato, avançar apesar dos cortes e
bloqueios. Mas, se esses bloqueios de fato se efetivarem e essa situação não
vier a ser revertida, a situação não só da UFCA mas de todas as universidades
do Brasil vai ficar inviável", afirmou o reitor.
Durante
a entrevista, Ricardo Lange Ness comentou as atividades exercidas pela UFCA na
região do Cariri, reforçando a importância da instituição. Enquanto falava
sobre um vídeo, recebido por ele pouco antes do início da entrevista e que
mostrava o primeiro aluno cego da UFCA, do curso de Música, tocando uma
partitura em braille, Ricardo ficou com a voz embargada, devido à emoção.
"O papel da universidade é transformar a realidade, das pequenas
realidades dos indivíduos à realidade da região", pontuou.
"Hoje,
o que está posto na mídia é uma desqualificação daquilo que a universidade
pública federal tem feito. Não fossem as universidade públicas federais, o
nosso país não teria atingido o patamar de hoje ser respeitado na comunidade
científica nacional. É o 13º país em número de publicações científicas, produz
pesquisas de altíssimo nível. 90% das pesquisas mais importantes no país são
feitas nas universidade federais", afirmou ele.
Para
o reitor, apesar de existir somente à 6 anos e não ter conseguido dar uma
contribuição significativa na área de pesquisas, a UFCA tem transformado as
pessoas e a comunidade que alcança. "O tamanho da universidade, embora
nova, não é pequeno. A expansão pode ser comprometida com esses cortes. Com
isso, a gente conclama a sociedade à se unir conosco nessa luta em defesa da
universidade pública, pois o trabalho é feito com muita responsabilidade, feito
para a região, para o desenvolvimento do nosso Cariri, pensando em cada cidadão
do nosso Ceará e do nosso país", disse. (O Povo)
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