Ao longo de duas décadas, a instituição beneficente
Casa
Mãe já acolheu mais de dez mil pessoas.
Atualmente, são 400 crianças e jovens
assistidos.
FOTO: Wandenberg Belém
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Algumas
palavras são difíceis de serem significadas. Elas transcendem as definições
genuínas contidas nos dicionários da língua portuguesa. Mãe é uma delas. Renata
- a de sobrenome Alencar - outra. Ambas, porém, carregam sentimentos
semelhantes: amor e acolhimento.
A
etimologia da palavra mãe veio do latim e deriva de mater. Já a história de
Renata Alencar Rafael começou a ser rabiscada ainda na adolescência. Desde
nova, sempre teve o sonho de ser mãe. Na fase adulta, não só realizou seu
desejo, como foi além. Transcendeu. Mãe de três filhos biológicos, Renata, que
nasceu no Crato, e atualmente reside em Várzea Alegre, na região do Cariri, decidiu
adotar mais duas crianças que viviam em vulnerabilidade social. A situação
financeira à época, recorda a mulher, não era das melhores. O amor pelo próximo,
sim. "Era suficiente para enfrentar todos os desafios".
Primeiro
chegou Cibele Alves Ferreira. Depois veio Sabrina de Lima Soares. Após as duas
novas filhas, vieram outras centenas de crianças e adolescentes.
Acolhimento
A
supermãe, como é conhecida, fundou, em 1999, a instituição beneficente Casa
Mãe. Há 20 anos, o espaço atende crianças cujas mães trabalham em horário
integral e até jovens vítimas de maus-tratos, exploração sexual ou subnutridas.
Se a instituição carece de recursos desde a sua criação, sobram "amor e
carinho, sentimentos necessários e fundamentais para transformar o mundo",
conforme descreve Renata.
A
Casa Mãe realiza atividades pedagógicas e de segurança alimentar com crianças
carentes. Com o passar do tempo, os serviços foram ampliados. Renata Alencar
lembra que no início surgiam muitos casos de crianças desnutridas e este,
então, passou a ser o grande foco do projeto. "Logo no início, nós
voltamos nossa atenção para essas crianças. Era preciso hidratação e
alimentação, cuidados especiais. Hoje, graças a Deus, avançamos muito nesta
questão", disse.
Em
outras esferas, igualmente graves, o cenário permanece adverso, como são os
casos de crianças que sofrem agressões, maus-tratos e exploração sexual.
"Infelizmente, a desagregação do lar e problemas de alcoolismo refletem em
espancamento de crianças", observa a mulher.
Apoio
Essas
crianças, unidas às demais em que as mães não possuem recurso financeiro para
inseri-las em creches, são atendidas com uma série de atividades. Atualmente, a
Casa Mãe assiste mais de 400 crianças e jovens, em atividades como canto coral,
teatro, música, balé, danças folclóricas e orquestra de violão. Deste total, 45
crianças têm atendimento diário. "Elas chegam ao equipamento de manhã, por
volta das 7 horas e permanecem até o fim do dia. São cinco refeições diárias
para todas elas, além de outras atividades lúdicas e pedagógicas",
acrescenta Renata.
Para
manter o projeto em atividade, a instituição conta com doações de pessoas
físicas e empresas. "É um trabalho difícil e imprevisível. Como dependemos
exclusivamente de doações, não podemos prever se amanhã terei como alimentar
todas essas crianças", aponta ela, ao destacar a importância de ações
solidárias da comunidade e de empresas.
Legado
Para
além do acolhimento a centenas de crianças, Renata deixa um legado na vida de
todas. Desde cedo, a supermãe transmite ensinamentos como "amor ao
próximo" e "solidariedade". Ela também combate o preconceito que
ainda cerca as crianças adotivas e atua para quebrar tabus.
Embora
tenha tantos abraços ao seu redor, as crianças dispõem do mesmo status,
conforme sublinha a supermãe. "São todos meus filhos. Não avalio essa
questão de biológicos ou adotivos. Eles têm meu amor integral, meu carinho e
são educados de forma igual, sem distinção. É disso que o mundo precisa:
carinho, atenção e amor ao próximo". (Diário do Nordeste)
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