Dias Toffoli criticou a tentativa da Lava Jato de usar os
R$ 2,5 bilhões
da Petrobras para criar uma fundação. FOTO: Fabio Rodrigues
Pozzebom
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Em
jantar de desagravo ao Supremo Tribunal Federal (STF) realizado na noite de
sexta-feira (3), na capital paulista, o presidente da corte, ministro Dias Toffoli, disse que o Supremo precisa ser defendido de
ataques e criticou a tentativa de integrantes da
força-tarefa da Lava Jato de usar os R$ 2,5 bilhões ressarcidos no âmbito da
investigação da Petrobras para criar
uma fundação própria.
Diante
de mais de 300 pessoas, entre eles alguns dos principais advogados do País,
reunidos em um restaurante no bairro dos Jardins, Toffoli disse que as instituições democráticas estão sob
ataque e precisam ser defendidas pela sociedade.
"Há
quem diga que o STF não precisa ser defendido. Será que a democracia não
precisa ser defendida? É preciso que defendamos dioturnamente as instituições
responsáveis pelo estado democrático de direito e pela democracia",
enfatizou.
Os
participantes responderam afirmativamente à provocação de Toffoli. Pouco
depois, o ministro fez uma ressalva ao dizer que autoridades tentam se apossar
das instituições e, de forma implícita, criticou a tentativa da Lava Jato de
usar os R$ 2,5
bilhões da Petrobras para criar uma fundação, deixando no ar
que a atitude poderia ser considerada criminosa.
"O
que não pode é querer ser dono do poder usando, inclusive, recursos para isso.
Recursos devem voltar para os cofres da União. Isso tem até nome no Código
Penal, mas não vou dizer o tipo", apontou o presidente do STF. A tentativa
de procuradores da Lava Jato de usar o dinheiro relativo à Petrobras foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Em
um longo discurso permeado de citações a livros e a filmes, Toffoli disse que
os ataques às instituições não são
uma exclusividade do Brasil. "O ataque às instituições, à
democracia ao estado democrático de direito não é privilégio do Brasil. São
questões que vêm ocorrendo em todo mundo. O ataque ao STF também não é algo
recente, é algo que já vem ocorrendo há algum tempo assim como o ataque à
advocacia, ao Parlamento, a quem esteja no poder, no momento que esteja, mesmo
tendo a legitimidade do voto", afirmou.
Nas
últimas semanas, aliados do presidente Jair Bolsonaro têm feito ataques ao STF por meio das redes sociais e tentaram criar uma CPI para investigar
o Judiciário. No ano passado, o senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ), filho do presidente, disse que bastavam um cabo e dois soldados para
fechar o Supremo.
O
ingresso para o jantar custava R$ 250.
No cardápio havia salada de entrada, bife de chorizo e salmão como pratos
principais, e torta de chocolate com sorvete de gengibre de sobremesa. Entre as
bebidas servidas, estava o vinho chileno Trofeo, água, Coca-Cola e cerveja
Heineken. (Estadão)
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