A região do
Cariri foi uma das que registraram maior
índice de perda. Em Salitre (foto), o
plantio de
feijão foi prejudicado pela falta de água.
FOTO: ANDRÉ COSTA
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No
início de cada ano, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) faz uma
estimativa da colheita dos grãos ao fim da quadra chuvosa. Em 2019, o resultado
verificado ao fim do período de chuvas ficou aquém da expectativa, que era de
atingir 653 mil toneladas, um dos melhores índices já ansiados no Ceará.
A
irregularidade das precipitações, de forma espacial e temporal entre fevereiro
e maio, resultou em perda para a safra de grãos. Os fatores que ocasionaram
esse cenário estão relacionados com a chuva. Na região Norte (Ibiapaba, Sobral
e Baixo Acaraú) os prejuízos foram causados por excesso de precipitações. No
Sertão Central, Inhamuns, Centro-Sul e Cariri, por escassez de água.
Frustração
"Se
não fossem os veranicos, teríamos uma das maiores safras da história do
Ceará", pontua o titular da SDA, De Assis Diniz. A agrônoma da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Gecilda Correia
Nunes, que faz o relatório sobre a situação de produção da safra de grãos de sequeiros,
descreve a frustração no plantio. "Neste ano, tivemos perda média, até o
momento, de 25,84% em relação ao esperado no início do ano", pontuou. Esse
indicador pode chegar, após a finalização do relatório, à marca de 30% de
perda, se comparado ao prognóstico do início do ano.
A
região do Cariri foi uma das que registraram maior índice de perda. Em Brejo
Santo, por exemplo, a frustração da safra de milho chega a 87% e de feijão de
corda, 65%. Já em Jardim, no extremo Sul do Ceará a média de perda é de 90%.
"Tivemos uma perda significativa", observou o gerente regional da
Ematerce, José Dias Ferreira. "Foi um desastre".
No
Cariri, as chuvas chegaram tarde, a partir da segunda quinzena de março. O
agricultor Francisco Lima plantou três hectares de milho e feijão na localidade
de São Felipe.
O
presidente da Ematerce, Antônio Amorim, destacou o prejuízo econômico para a
região. "No Cariri, que historicamente tem larga produção de grãos, as
perdas foram muito elevadas e isso vai impactar a economia local, com menos
dinheiro circulando nas cidades", avaliou.
No
Médio Jaguaribe, a perda média estimada de grãos é de 10%. Em Alto Santo, chega
a 23% a frustração de safra. "A cultura do milho foi a mais afetada",
disse João Alves de Menezes, coordenador regional da Ematerce em Jaguaribe.
Nas
regiões Jaguaribana e no Centro-Sul cearenses, a maior dificuldade é a escassez
de água nos açudes. "Não tivemos recarga nenhuma", disse Menezes. Em
Iguatu, a perda média de milho é de 27% e a de feijão 22%, mas em Quixelô é
mais elevada: milho chega a 35% e feijão, 27%. "Os técnicos estão em campo
avaliando a situação após a quadra invernosa, por isso que os dados ainda são
parciais", explicou o gerente local da Ematerce, Erivaldo Barbosa.
"As chuvas foram muito irregulares e há distritos com perdas muito
elevadas, como a região de Riacho Vermelho".
Outros
municípios da região, como Quixeramobim, Quixadá, Solonópole, Piquet Carneiro e
Mombaça, apresentaram perda média de 20% nas duas principais culturas: milho e
feijão-de-corda. "Tivemos dois grandes veranicos que impediram o
crescimento do plantio", observou o gerente regional da Ematerce,
Francisco Albany Rolim. "E a situação mais complicada é a falta de água
nos açudes". (Diário
do Nordeste)
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