FOTO: Lula Marques |
Moro,
que hoje é ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PSL),
foi o juiz responsável pela operação em Curitiba (PR). Ele deixou a operação ao
aceitar o convite para o cargo, em novembro.
O
site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O
pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo
Telegram de 2015 a 2018.
Após
a publicação das reportagens, a equipe de procuradores da operação divulgou
nota chamando a revelação de mensagens de "ataque criminoso à Lava
Jato" e disse que o caso põe em risco a segurança de seus integrantes.
Na
troca de mensagens, membros da força-tarefa fazem referências a casos como o
processo que culminou com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) no caso do tríplex de Guarujá.
Preso
em decorrência da sentença de Moro, o petista foi impedido de concorrer à
Presidência na eleição do ano passado.
A
sentença de Moro foi confirmada em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal
Regional Federal da 4ª Região). A condenação já foi chancelada também pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça), que reduziu a pena para oito anos, 10 meses e
20 dias de prisão.
Segundo
a reportagem, Moro sugeriu ao MPF trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou
a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos
uma decisão judicial. Especialistas em direito dizem que não haveria, a
princípio, nenhuma ilegalidade, mas pode ter havido desvio ético.
"Olá
Diante dos últimos desdobramentos talvez fosse o caso de inverter a ordem da
duas planejada (sic)", escreveu Moro a Dallagnol em fevereiro 2016,
referindo-se a fases da investigação. As mensagens foram reproduzidas da
forma como o site as publicou, sem correções ou revisão gramatical.
Dallagnol
disse que haveria problemas logísticos para acatar a sugestão. No dia seguinte,
foi deflagrada a 23ª fase da Lava Jato, a Operação Acarajé.
OUTRO
LADO
A
força-tarefa da Lava Jato afirmou em nota que os procuradores "foram
vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à
atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus
integrantes".
"A
violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e
ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade
da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos
pessoais", diz o texto.
A
Procuradoria afirma ainda que não sabe a extensão da invasão e que não houve
pedido de esclarecimento antes da publicação das reportagens. Sobre o teor dos
diálogos, diz que as informações foram tiradas de contexto, o que pode gerar
uma interpretação equivocada.
"Vários
dos integrantes da força-tarefa de procuradores são amigos próximos e, nesse
ambiente, são comuns desabafos e brincadeiras. Muitas conversas, sem o devido
contexto, podem dar margem para interpretações equivocadas. A força-tarefa
lamenta profundamente pelo desconforto daqueles que eventualmente tenham se
sentido atingidos."
A
reportagem procurou o ministro Sergio Moro, mas não obteve resposta até a
publicação deste texto.
A
defesa de Lula afirmou em nota que a reportagem do Intercept revela detalhes de
uma trama, já denunciada pelos advogados, que envolve "uma atuação
combinada entre os procuradores e o ex-juiz Sergio Moro, com o objetivo
preestabelecido e com clara motivação política, de processar, condenar e
retirar a liberdade do ex-presidente".
"A
atuação ajustada dos procuradores e do ex-juiz da causa, com objetivos
políticos, sujeitou Lula e sua família às mais diversas arbitrariedades. A esse
cenário devem ser somadas diversas outras grosseiras ilegalidades", diz o
comunicado.
Reportagem
da Folha de S.Paulo na última quinta-feira (6) mostrou que a defesa de Lula
argumentará no STF que a Lava Jato produziu relatórios sobre 14 horas de
conversas gravadas entre advogados do ex-presidente, o que contraria a
legislação. (Folhapress)
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