Com a recuperação da atividade econômica mais lenta do que era esperado e a inflação sob controle, nos mais baixos níveis históricos, o Banco Central (BC) vem promovendo sucessivos cortes na taxa básica de juros (Selic), que desde março de 2018 permanece no seu menor patamar histórico, em 6,5% ao ano.

A expectativa é que a taxa encerre este ano a 5,75%. Além de permitir que o Governo reduza os gastos com o custeio da dívida pública, a redução da Selic busca acelerar o ritmo da atividade, o que deve beneficiar inicialmente setores, como o do varejo.

No entanto, desde que o ciclo de cortes da Selic teve início, no fim de 2016, quando a taxa era de 14,25% ao ano, o estímulo não chegou, com a mesma intensidade, ao consumidor. Enquanto a Selic recuou 54,4% desde então, o crédito para pessoas físicas caiu 26%, passando de 43% ao ano para 31% ao ano, de acordo com o BC. Ainda assim, a perspectiva é que os cortes na Selic cheguem ao consumidor.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, encerrada em 19 de junho, a instituição disse que o atual cenário supõe uma trajetória de juros que encerra 2019 em 5,75% ao ano, e que se eleva para 6,50% ao fim de 2020.

Economistas apontam que as elevadas taxas de juros cobradas no país estão entre os fatores que vêm penalizando tanto o varejo como a indústria, dificultando o crescimento da economia, e os próximos cortes devem dar um ânimo à atividade.

Repasse dos cortes
Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o comércio varejista do País poderia ter vendido R$ 41 bilhões a mais nos últimos 12 meses até abril se o corte da Selic tivesse sido repassado integralmente para os juros cobrados do consumidor. De acordo com a entidade, se os cortes tivessem sido repassados integralmente, o consumidor estaria pagando uma taxa de 26,1% ao ano.

De acordo com a CNC, o fato de os juros ao consumidor não acompanharem integralmente os cortes da Selic impediu que o comércio varejista brasileiro experimentasse avanços mais significativos no volume de vendas, especialmente nos segmentos em que o grau de dependência das condições de crédito tende a ser maior. “O cenário seria outro se os juros ao consumidor tivessem recuado na mesma proporção observada no recuo da taxa de referência do mercado de crédito”, diz a entidade no estudo.     (Diário do Nordeste)

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