O
cantor e compositor Ednardo entrará com ação na Justiça contra usos não
autorizados de sua música “Pavão Mysterioso” em atos pró-Bolsonaro e em um
tuíte da ministra Damares Alves. O músico, que decidiu acionar o Poder
Judiciário na semana passada, afirma que está em contato com dez advogados
especializados em direitos autorais e de imagem em várias capitais do Brasil.
Em
entrevista ao Jornal O Povo, Ednardo comentou que resolveu tomar essa medida
quando percebeu que não se tratava de um caso esporádico, mas que estava
acontecendo sistematicamente em vários atos políticos a favor do Governo. Ele
disse que não quer sua imagem associada aos princípios defendidos por Bolsonaro
e, mesmo se houvesse uma solicitação para uso da música, ela não teria sido
concedida.
“Essa
música não foi criada para ser usada em nenhum governo. Eu não tenho nenhum
prazer em ver uma música minha associada a coisas que eu não concordo sob
aspectos políticos e sociais. Minha dignidade como pessoa e como artista está
sendo atingida e eu não quero nenhum desses conteúdos ligados à minha obra”,
declara.
“Eu
fiz essa música na época da ditadura civil-militar e, se eles tivessem usado
para fazer propaganda do regime, eu teria ficado injuriado da mesma forma.
Tanto tempo depois, eu vejo um governo que usa obras de outros autores para
evidenciar pontos que de forma alguma eu concordo. Isso fere o meu direito
sagrado como compositor e autor”, lamenta.
O
episódio acontece ao mesmo tempo em que o cantor trabalha na criação de um novo
disco, que está em fase final de produção. Ednardo lamenta que ele e sua equipe
têm dividido os esforços para dar conta de “aborrecimentos e chatices”, como
definiu os usos que não foram autorizados para manifestações políticas.
“Show do
pavão”
Uma
conta anônima do Twitter, chamada “Pavão Misterioso”, ganhou visibilidade após
alegar que o site The Intercept Brasil, que divulgou conversas entre o juiz
Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, pagou um hacker russo em
criptomoedas para invadir o celular de autoridades brasileiras. Entretanto,
especialistas em transações digitais do tipo, em entrevista ao Estadão, apontam
várias inconsistências na narrativa do perfil.
Uma
das denúncias feitas pelo perfil afirma que o ex-deputado Jean Wyllys teria
vendido seu mandado por US$ 700 mil para dar lugar a seu suplente na Câmara, o
marido do jornalista Glenn Greenwald, David Miranda (Psol). O assunto ganhou
destaque nas redes sociais e passou a ser citado por apoiadores do Governo.
A
ministra Damares Alves publicou, no último domingo, em sua conta pessoal do
Twitter, um vídeo em que fala que o seu animal favorito é o pavão. Após isso, é
reproduzido um trecho da música “Pavão Mysterioso”, do cantor Ednardo. (O Povo)
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