Henry Campos apresentou sugestões para desonerar o custo das universidades. FOTO: ISANELLE NASCIMENTO |
A
proposta feita pelo MEC foi aberta para consulta pública na última quarta-feira
(17), e, logo em seu primeiro tópico, informa que "inúmeros especialistas
foram consultados e puderam contribuir para o aperfeiçoamento do
programa". Durante coletiva de imprensa, Henry Campos afirmou, porém, que
a comunidade universitária não participou de tal processo.
"As
universidades foram pegas quase que de surpresa com o anúncio desse plano, que
foi feito poucos dias antes do lançamento", diz. A consulta só estará
aberta até o dia 7 de agosto, a partir de quando a equipe do MEC
"trabalhará na consolidação das contribuições em sugestões
normativas", como consta na apresentação do programa.
"É
até difícil ver como a gente vai responder a essa consulta, pela falta de
detalhamento e especificidade de dizer como se pretende fazer as coisas",
lamenta o reitor da UFC. Segundo ele, as propostas ignoram a situação atual das
instituições de ensino superior, voltando-se unicamente para ações a longo
prazo e sem fazer menção ao descontingenciamento ou suspensão do corte de
verbas do orçamento da Educação. "Nada contra financiamento privado e
parcerias público-privadas, mas não pode ser uma coisa impositiva e nem a única
maneira de financiamento de uma universidade", ressalta.
Interesse
Campos
avalia que, quando um direcionamento deste tipo entra em vigor, a produção de
ciência e tecnologia feita nas universidades e instituições federais passa a
ser subordinada aos interesses privados, em detrimento dos interesses públicos.
Tal situação gera uma visão utilitarista da Educação e do desenvolvimento
tecnológico. "Temos um grande risco de subfinanciamento na área de
ciências humanas. Quem vai se interessar em comprar pesquisa sobre pobreza,
marginalidade nas grandes cidades, violência, o racismo sofrido pela população
negra, preconceito com LGBT?".
Para
o reitor, ainda é cedo para fazer uma manifestação oficial. Será preciso, de
alguma forma, instituir uma escuta das pessoas que compõem a administração da
UFC, incluindo pró-reitores e gestores de unidades. Ele pondera que seria mais
prudente fazê-lo após o diálogo com a representação política da universidade no
Congresso.
"Existem
muitas maneiras de desonerar o custo das universidades fazendo com que elas
arrecadem mais recursos, sem necessariamente fazer um processo de
privatização", diz Campos. "Nós temos sugestões concretas pra isso.
Por exemplo, aumentar as parcerias público-privadas que nós já temos, e fazer
com que todo recurso que a universidade arrecade volte para ela, e que isso
seja progressivamente descontado do orçamento", destaca. (Diário do Nordeste)
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