FOTO:
Valéria Alves
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Após
firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público do
Estado do Ceará (MPCE), o poder público municipal e o proprietário do terreno,
foi iniciada a reconstrução da fachada da antiga casa de Juvêncio Santana,
primeiro juiz de Juazeiro do Norte. Porém, a platibanda, pelo menos até agora,
se mostra muito diferente do modelo original.
O
imóvel, localizado na Rua São José, foi destruído no dia 1º de dezembro de
2018, mesmo após negativa da Prefeitura em ceder alvará de demolição,
afrontando as regras de proteção ao patrimônio arquitetônico e histórico do
Município. Contudo, no dia 10 de maio, foi firmado o TAC para sua reconstrução
após inquérito civil instaurado pela promotora de Justiça Efigênia Coelho,
da 9ª Promotoria de Justiça de Juazeiro do Norte.
Com
o TAC, o dono do imóvel comprometeu-se a reproduzir a fachada do prédio
demolido, segundo a planta arquitetônica original; tentar readquirir portas e
janelas originais da fachada demolida e reutilizá-las na reconstrução.
No
entanto, uma equipe de reportagem visitou a obra, na tarde desta
quinta-feira (04), e percebeu que a platibanda, parte superior do casarão, está
diferente da casa original. O chamado “frontão”, semicircular, onde ficava o
brasão, que originalmente era no meio da fachada, agora está deslocado para a
esquerda.
“A
gente não sabe em que circunstâncias foi assinado o acordo com o MPCE, mas a
título de reconstrução, não condiz. Ele tá apresentando distorções na fachada.
Não está uniforme como era antes. Elementos deslocados. Está representando
qualquer coisa, menos o casarão de Juvêncio Santana”, observa o pesquisador
Roberto Júnior.
Ainda
assim, Roberto Júnior ressalta que foi contra a sua reconstrução. “O imóvel
original foi derrubado. Isso é um falso histórico. É uma reprodução mal feita.
Não faz sentido reconstruir. Era pra ser salvaguardado. Não foi. O que estão
edificando no lugar é uma coisa fora da realidade”, completa.
Casarão antes de ser demolido
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Com
o TAC, a Secretaria de Cultura de Juazeiro do Norte (Secult) se comprometeu a
fiscalizar tecnicamente a reconstrução para garantir que siga a planta
arquitetônica. Porém, até o fechamento desta matéria, a Pasta não explicou o
porquê da divergência entre a fachada que está sendo erguida e a original.
A
equipe de reportagem também entrou em contato com o MPCE que informou que
fará um auto de constatação para saber se a reconstrução está sendo feita como
deveria. Um técnico do órgão ministerial e um especialista em patrimônio vão ao
local fotografar e documentar para fazer um relatório.
O
TAC também prevê que na nova fachada fosse fixada, em local visível, uma placa
com resumo histórico e arquitetônico sobre o imóvel demolido, em português e
inglês, e dispositivo tecnológico QR Code que constará estudo histórico da
Secult. O descumprimento das cláusulas do acordo acarreta multa diária no valor
de R$ 5 mil.
Importância
O
Casarão de Juvêncio Santana ficava ao lado da casa do Padre Cícero, que se tornou
museu. Ela constitui um exemplar da arquitetura do início do século XX. Seu
antigo proprietário mantinha estreitos laços de amizades com o fundador de
Juazeiro do Norte. Havia a intenção de tombar o imóvel a nível municipal.
(Por Antônio Rodrigues – Blog Diário Cariri)
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