Maria Aparecida Firmo, 78, avó da primeira dama
Michelle
Bolsonaro. FOTO:
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Avó
materna da primeira-dama
Michelle Bolsonaro, Maria Aparecida Firmo Ferreira, 78, passou dois dias em
uma maca improvisada nos corredores do Hospital Regional de Ceilândia, na
periferia de Brasília, à espera de atendimento.
Ela
deu entrada no hospital na quinta-feira (8) com suspeita de fratura no fêmur e
ficou na maca até a noite deste sábado (10). Menos de uma hora depois de
a Folha ter procurado o governo do Distrito Federal, a idosa foi
transferida para uma unidade com mais estrutura, o Hospital de Base.
Segundo
a assessoria de imprensa do GDF (Governo do Distrito Federal), o governador
Ibaneis Rocha (MDB) estava acompanhando a situação e o hospital para onde Maria
Aparecida foi transferida tem uma estrutura de pronto-socorro mais eficiente. A
administração distrital informou também que ela já estava sendo atendida na
unidade onde estava até a noite de sábado.
A
avó da primeira-dama afirmou que se acidentou na manhã do mesmo dia que deu
entrada no hospital, na casa em que mora na favela Sol Nascente, também na
periferia de Brasília.
Uma
de suas galinhas teria passado para a casa do lote ao lado.
"Fui
pedir à mulher para pegar a galinha. O pitbull avançou no portão. Se ele
pega meu rosto, tinha acabado comigo. Aí, naquele susto, caí de costas. Caí,
quebrei meu fêmur e estou no corredor de espera. Tem gente aqui que tem mais de
20 dias, 30 dias e não chama [para cirurgia]. Quanto mais eu, que estou com
três dias, né?", disse Maria Aparecida à Folha na tarde deste sábado
(10), deitada na maca que lhe servia de leito improvisado, em meio a
várias outras no hospital de Ceilândia.
Sua
neta e o
presidente Jair Bolsonaro moram
no Palácio
da Alvorada, a 37 km de distância do hospital onde a idosa estava.
Acompanhada
de uma tia de Michelle,
Maria Aparecida disse que sofre de osteoporose e que aguarda uma cirurgia na
perna direita —a mesma que machucou na quinta-feira— há cinco anos.
"Sou
vó dela, [mas] ela ainda não sabe [do acidente]. Tenho o telefone dela não. Que
não falo [com Michelle], tem já cinco anos. O dia que o pai dos meus filhos
morreu, ela que pagou o enterro, ficou com a gente lá. Foi o último dia que eu
vi."
A
avó diz não ter havido nenhuma briga entre ela e a neta. "Ela [se] afastou
de mim. Não quis nada mais comigo", afirmou. "Era meu prazer se ela
viesse, [mas] ela não vem não."
Ao
falar da relação com Michelle, Maria Aparecida afirmou ainda que uma de suas
noras trabalha como babá da filha do casal presidencial, Laura, 8.
"Quando
ela morava no Rio, chamava minha filha, chamava a família toda para ir lá, não
chamou nem eu, nem essa aí [Fátima, filha que a acompanhava no momento da
entrevista], nem Aparecida, nem Gilmar, nem Gilberto, tudo meus filhos. Ela
chamou o João, que é policial, com a mulher dele, o Tonho com a mulher dele,
que é essa que trabalha lá para ela. Não chamou a gente", disse.
Quando
questionada se desejava ser transferida para um outro hospital, ela chorou.
"Eu
quero é fazer minha cirurgia. Seja lá o que Deus quiser. Não dou conta nem de
mexer com o dedo do pé direito. Não dou conta de pentear meu cabelo, não dou
conta de comer com minha mão, não dou conta de sentar. A coisa mais triste é ficar
dependendo dos outros em negócio de higiene."
Ela,
então, diz que, neste sábado, apareceram apenas enfermeiros e que queria ser
amparada por alguma profissional do gênero feminino.
A Folha procurou na noite
deste sábado a assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, que informou
estar em busca de um posicionamento.
Sobre
o hospital, onde há outros pacientes também sendo atendidos nos corredores, o
governo do Distrito Federal informou que unidade é um dos equipamentos que está
sofrendo reformas, a primeira em 40 anos, e tem deficiências, além de ser
insuficiente para cuidar da população da maior cidade do DF. De acordo
com o GDF, o hospital tem 317 leitos e 31 ortopedistas.
"O
Hospital de Ceilândia está passando por um amplo serviço de manutenção e
reforma, depois de ficar sem contrato por mais de dois anos. Atende a uma
população de mais de um milhão de pessoas, incluindo a região do Entorno. A
direção do hospital informa que está iniciando, na próxima semana, uma
força-tarefa de cirurgias ortopédicas para desafogar o Pronto Socorro”, diz o
governo.
De
acordo com a assessoria, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou nesta
sexta-feira (9) a construção de um novo hospital para a cidade, com 380 leitos,
além de um materno-infantil, com 180 leitos.
(Folha
de São Paulo)
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