FOTO: NATINHO RODRIGUES
|
Difícil imaginar a trajetória de Espedito
Seleiro sem a presença do couro. Fruto da quinta geração
de hábeis artesãos da matéria-prima, o artista foi além e imprimiu sua identidade
ao produto. Prestes a completar 80 anos, a parceria entre o
mestre e o ofício que o acompanha até no nome será celebrada em exposição no Museu
de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), com abertura
nesta terça-feira (13), em Fortaleza.
A mostra "Espedito Seleiro - 80
anos de couro e alma" pretende resgatar acontecimentos da
vida e da obra do artesão desde as primeiras criações até as produções hoje
valorizadas no universo do design. Com exemplares do acervo do próprio artista
e outros cedidos por colecionadores, a seleção é fruto de um projeto de
extensão do curso de Design da Universidade Federal do Ceará (UFC) que
desenvolveu pesquisa sobre Seu Espedito.
"O projeto surgiu exatamente por conta do
nosso interesse de entender a parceria do Mestre Espedito com designers
brasileiros. Ele construiu muitas parcerias com pessoas do design
de moda e de produto que vão estar representadas na
exposição", explica a professora Tânia Vasconcelos, que coordena o projeto
e assina a curadoria em parceria com André Scarlazzari e Érico Gondim.
FOTO: CAMILA LIMA
|
Ocupando duas salas do Mauc, a mostra é dividida em
dois momentos. No primeiro, ela trata da relação entre Espedito Seleiro e o
couro. É quando se revelam o elo familiar do artista com essa matéria-prima
e as primeiras peças produzidas pelo artesão. "As pessoas
poderão ver, por exemplo, os projetos da sandália do modelo de Lampião que o
pai do Mestre Espedito desenvolveu na forma retangular, além de uma bolsa que o
próprio artesão fez para a dona Violeta Arrais (ex-secretária de Cultura do
Ceará, falecida em 2008)", descreve a curadora.
Na segunda parte da mostra, é o momento de
apresentar a fase em que o mestre desenvolve peças com uma identidade mais
demarcada, fazendo uso das cores. É quando ele começa
a dialogar com nomes do design de moda e de produto, como os
irmãos Fernando e Humberto Campana que desenvolveram, juntos ao artesão, a
coleção de mobiliário intitulada Cangaço, lançada em São Paulo e Miami.
"Essas parcerias reforçam um reconhecimento
pelo trabalho dele e são trocas positivas. O mais
interessante é que ele continua firme na identidade dele", reforça Tânia
Vasconcelos.
A proposta é mostrar a versatilidade do trabalho de
Seu Espedito que transcendeu a criação de produtos ligados apenas a trabalhadores
do sertão para alcançar novas configurações. Nesse contexto, até a peça
assinada pelo artista para a CowParade Fortaleza no ano passado estará em
exibição.
IDENTIDADE
Na avaliação da curadora, um dos méritos de
Espedito Seleiro foi ter conseguido atualizar o seu trabalho, além de manter-se
fiel à identidade. Essas características servem de inspiração para
pessoas ligadas ao design, observa a docente. "Aos oito
anos, Seu Espedito fez um baú para mãe em que ele já faz uso de uma linguagem
gráfica que ele permanece fiel ainda hoje. Ele teve que reposicionar a obra
dele, mas nunca perdeu a essência do ofício", enfatiza.
Para o artesão, que faz aniversário no próximo dia
29 de outubro, exposições como essa ajudam a perpetuar o trabalho que ele
desenvolveu ao longo da vida. Ele se disse emocionado com a
iniciativa. "As pessoas mais novas não sabem o que é uma
sela, um gibão, uma cangalha. Mostrar isso é bom pra mim. Daqui a pouco, vai
ficar só a história e, se a gente não contar a história, como é que as pessoas
vão se lembrar?", afirmou o mestre da cultura popular.
SERVIÇO
Exposição "Espedito Seleiro - 80 anos de couro
e alma"
Abertura nesta terça-feira (13), às 19h, no Mauc (Avenida da Universidade, 2854, Benfica), com a presença do homenageado. Visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Gratuito. Exibição até 27 de setembro. (Diário do Nordeste)
Abertura nesta terça-feira (13), às 19h, no Mauc (Avenida da Universidade, 2854, Benfica), com a presença do homenageado. Visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Gratuito. Exibição até 27 de setembro. (Diário do Nordeste)
Postar um comentário